Moralismo exacerbado guiou rompantes de Jânio Quadros

Quando prefeito de São Paulo, proibiu os cinemas de exibirem filme de Martin Scorsese, por considerá-lo um desrespeito à fé cristã

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São Paulo

O estilo populista e a imagem de outsider contribuíram para que Jânio Quadros se tornasse um homem público adorado por grande parte da população. 

Mas é preciso considerar também o moralismo exacerbado cultivado por ele para compreender a sua ascensão na carreira política.

Quando foi prefeito de São Paulo pela segunda vez, entre 1986 e 1988, Jânio proibiu os cinemas de exibirem “A Última Tentação de Cristo”. Baseado em cartas de senhoras indignadas, passou a tratar o filme de Martin Scorsese como um desrespeito à fé cristã.

A produção só estreou na cidade em 1989, quando ele já havia deixado o cargo. 

Essa sanha moralista já tinha se expressado com nitidez em 1961, quando Jânio ocupou a Presidência. 

O político sul-mato-grossense é tema do 15º volume da Coleção Folha - A República Brasileira. Escrito pela jornalista Eliane Lobato, o livro chega às bancas no domingo, dia 22. 

Na sua passagem pelo Planalto, Jânio decidiu proibir as modelos de usar biquíni nos populares concursos de miss. 

Com medidas assim, o presidente buscava agradar a uma fatia expressiva do seu eleitorado, os conservadores na área dos costumes. 

Quando renunciou ao cargo, em 25 de agosto de 1961, Jânio esperava que eleitores com esse perfil e outros grupos saíssem às ruas em seu apoio. Mas a mobilização imaginada por ele não aconteceu. 

“Foi o maior fracasso político da história republicana. O maior erro que cometi”, ele afirmou ao neto em 1991, meses antes de morrer. 

Erramos: o texto foi alterado

Jânio Quadros renunciou à Presidência da República em 25 de agosto de 1961. O texto foi corrigido.

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