A origem aristocrática, a ideologia marxista e a homossexualidade como orientação sexual parecem determinar o cinema do diretor italiano Luchino Visconti, tema do 11º volume da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema.
Num primeiro momento, tratou da miséria com realismo. Em seguida, valeu-se de sua origem privilegiada para analisar com propriedade altas classes. Por fim, sua estética domina a obra mesmo na fase mais decadentista.
"A convergência de seu berço aristocrático com um suposto refinamento inerente ao 'temperamento' homossexual justificaria a reputação de esteta apurado, que não desapega mais de Visconti", escreve Cássio Starling Carlos, crítico e curador desta coleção.
A edição chega às bancas em 7/10, incluindo um DVD e um livro com textos analíticos. "A Terra Treme", segundo longa do diretor, de 1948, é uma de suas obras que bebem na literatura. Foi planejado para ser uma adaptação do romance "Os Malavoglia", de 1881, do italiano Giovanni Verga.
No pós-guerra, o jovem pescador 'Ntoni se rebela contra o sistema exploratório dos comerciantes no porto de Catânia, na Sicília, região pobre da Itália. Na companhia de sua família, abre um negócio com a hipoteca da casa, mas a situação piora. As dívidas chegam com a fome e a miséria, e seu sonho de independência está sob risco.
O elenco do filme é formado num primeiro momento por profissionais, mas na segunda parte, centrada no drama familiar, é a própria população ali apresentada. Buscava-se com atores não profissionais mais autenticidade e caráter documental sobre a situação dos pescadores locais.
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