Drew Barrymore teve uma das vidas mais intensas de Hollywood. Virou sucesso aos sete anos com “ET - O Extraterrestre” (1982). Aos 11, começou a beber. Um ano depois, se envolveu com drogas. Fez 13 anos e foi hospitalizada ao cortar os pulsos. Achava que não chegaria “aos 25 anos viva”.

Aos 43 anos, Drew hoje é mãe dedicada, de duas meninas de cinco e três anos, e tem uma produtora bem-sucedida. “Estou em um lugar muito diferente na vida hoje em dia”, disse a atriz, durante um intervalo nas filmagens da série “Santa Clarita Diet”, cuja segunda temporada chegou ao Netflix no último dia 23/03. 

“Não me importo mais com histórias sobre garotas solteiras na noite de uma grande cidade. Estou feliz com uma série que explora temas adultos e problemas do cotidiano.”

Claro que existe uma diferença: “Santa Clarita Diet” conta a história de Sheila (Barrymore), uma corretora de imóveis e mãe de família que vira uma zumbi comedora de humanos e passa a tomar atitudes instintivas na vida. 

“Preciso ficar no controle dela quando estou filmando, porque todos nós fantasiamos sobre aquele momento em que você deseja pular por cima da mesa e morder o rosto de alguém como Joel [marido da personagem, vivido por Timothy Olyphant]. Sei que é tudo de mentirinha, mas ela mudou minha vida de verdade.”

Foi na sua personagem que Drew procurou abrigo da dor do divórcio do terceiro marido, o ator e consultor de arte Will Kopelman, há dois anos. 

O momento em que o casal tomou a decisão foi “o maior pesadelo da vida”. “Não queria fazer uma série depressiva ou sombria. ‘Santa Clarita Diet’ tem um lado pesado, mas é maluca e divertida. Estava passando por um período difícil e precisava escapar. Sheila me transportou para um mundo diferente”.

Ironicamente, esse mundo fica a apenas 20 km de onde ela nasceu. Santa Clarita é uma cidade do condado de Los Angeles. É mais conhecida pelos estúdios de séries de TV e pelo parque de diversões Six Flags Magic Mountain. 

“Tinha amigas de Santa Clarita e passava fins de semana na cidade, indo sempre no parque. Nem precisei pesquisar muito para entender o papel”, diz a atriz.

Longe dos shows de rock que costumava frequentar há alguns anos –ela namorou o baterista brasileiro Fabrizio Moretti, dos Strokes–, Barrymore manteve a forma por causa da série. Foram 10 quilos a menos para viver a personagem que não come nada, a não ser outros humanos. 

“Como saudável e me exercito, mas não consigo fazer regime sozinha, sou muito preguiçosa. Preciso ter a pressão de outras pessoas”, conta a atriz, que diz andar pelo set de filmagens em Santa Clarita como “uma gaivota faminta”. “Quero bicar a comida de todo mundo, mas não posso.”

A segunda temporada da série mergulha na alimentação incomum de Sheila. Ela e o marido vão trabalhar como vigilantes para evitar matar as pessoas que não merecem terminar no prato. 

“Eles agora sabem qual é a missão. No primeiro ano, o casal não queria estar naquela situação e só queria descobrir o que estava acontecendo. Os dois vão procurar se livrar da escória para conseguir comida. Há uma bússola moral dentro deles neste mundo fantasioso”, conta. 

“Sheila não é uma canibal, mas uma zumbi. Zumbis não têm opção, canibais comem humanos por escolha. São uns escrotos.”

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