Signos liberais de George Clooney n�o fazem sentido em 'Suburbicon'
SUBURBICON - BEM-VINDOS AO PARA�SO (regular)
(SUBURBICON)
DIRE��O George Clooney
ELENCO Matt Damon, Julianne Moore
PRODU��O EUA, 2017, 16 anos
QUANDO estreia nesta quinta (21)
Veja salas e hor�rios de exibi��o
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Os filmes de George Clooney costumam ter a cara de seus roteiristas. Em "Suburbicon: Bem-Vindos ao Para�so", eles s�o basicamente os irm�os Coen, portanto, ningu�m estranhe que a imita��o seja a marca mais evidente deste filme.
De cara, a abertura decalca, quase explicitamente, a de "Calafrios" (obra de David Cronenberg de 1975). Segue-se uma trama envolvendo g�meas diab�licas (t�o cl�ssica que n�o merece coment�rios) —ou ao menos uma delas. E um assassinato que tem por centro ap�lices de seguro, � maneira de "Pacto de Sangue" (do diretor Billy Wilder, de 1944). E por a� vamos.
"Suburbicon" insere na hist�ria uma fam�lia negra, os Mayers, nesse bairro n�o apenas branco como ostensivamente racista. N�o chega a ser algo t�o original, mas o filme regride ao momento em que a integra��o racial nos EUA ainda engatinhava.
Os Mayers s�o vizinhos dos Lodge, que enfrentar�o uma enormidade de problemas ao longo do filme, a come�ar pelo assalto em que s�o v�timas de uma dupla de s�dicos (ou ao menos podemos pensar assim por algum tempo).
� a melhor cena do filme, em que a atmosfera de opress�o se manifesta com for�a e nos faz estranhar a fraqueza de Gardner Lodge (Matt Damon), o chefe da fam�lia.
Diga-se, a bem da verdade, que os assaltantes t�m esses tra�os marcados demais, como se tivessem sa�do de uma com�dia e entrado ali por engano. Eis a diferen�a entre os Coen e Clooney: os irm�os s�o maneiristas e sabem disso; Clooney, aparentemente, n�o.
De volta ao filme: os Lodge fazem parte da minoria que n�o v� a presen�a de negros como amea�a a seu para�so racial. Tia Margaret (Julianne Moore) inclusive estimula o sobrinho a brincar com o menino negro.
Eis o problema criado! N�o o fato de brincarem juntos. O problema � que a fam�lia negra n�o tem nada a fazer nesse bairro de brancos a n�o ser isto: ocupar um lugar que os brancos julgam ser exclusivamente deles. Ou, em outras palavras, n�o t�m fun��o dram�tica alguma. S�o signos.
Sua exist�ncia consiste em afirmar o car�ter liberal de George Clooney, de suas ideias antirracistas. Ou ainda cortejar o p�blico liberal. Pode ser muito bom, mas n�o faz o menor sentido no filme.
A trama segue seu curso policial: um assassinato, uma investiga��o, mais mortes. E a presen�a do menino branco, bastante esperto (talvez seja o melhor personagem do filme): pequeno e indefeso —teoricamente—, ele consegue se defender muito bem dos horrores que o cercam.
George Clooney � um bom ator, �timo gal�, diretor de ideias avan�adas, por�m irregular como realizador.
Seu melhor feito aqui est� na dire��o de atores (Julianne Moore em especial est� �tima) e na ambienta��o do bairro pacato.
Que tudo vire um inferno em tom de farsa (de novo os Coen) � o tributo a um tempo de espectadores pouco dispostos a encarar uma trag�dia de fato. O esp�rito dos irm�os Coen, v�-se, paira sobre a dire��o de Clooney.
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