Personagens de Cebolinha e Casc�o foram inspirados em pessoas reais
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
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Pintor de paredes aposentado, Luiz Carlos da Cruz � inspirador do personagem Cebolinha |
"Blincando" de "calinho" de "lolim�", bolinha de gude e "lev�lver" de espoleta na "flente" da "barbealia" do seu Antonio (pai de "Maulicio" de Sousa) em Mogi das "Cluzes", Luiz Carlos da "Cluz" ela quase "caleca" aos 7 anos. "S� tinha uns 'fiozionhos'", conta hoje, aos 69.
Al�m do pouco cabelo, Luiz "calegava outla culiosidade": "tlocava" os "eles" pelos eles.
Certo dia, o dono do bar em "flente" � "barbealia" do seu Antonio catou uma cebola com cinco ou seis "lamos" verdes no topo, desenhou um boca e dois olhinhos e a chutou para o meio da "lua".
Seu Antonio n�o pensou duas vezes: "Olha voc�, Luiz! Igual seus cabelinhos. � voc�, Cebolinha!"
O apelido nunca mais largou. "Os pequenos, se me chamavam de Cebolinha, eu batia. Os grand�o, eu deixava por isso mesmo", "lembla".
Naquela �poca, ele andava "semple" com dois amigos, mais ou menos da mesma idade: Marcio (irm�o 11 anos mais novo de "Maulicio"), e J.S., que "vilia" a ser conhecido mundialmente como Casc�o.
Hoje conhecido "lespeitosamente" em toda a Mogi como seu Cebola, se aposentou no ano passado. Por 48 anos pintou "paledes". Ainda faz um ou "outlo" bico.
Nos anos 1950, a m�e do Cebolinha "soflia" demais em ver o menino sem cabelo.
"Pala" que o cabelo "clescesse", ou, pelo menos assentasse, apelava a uma "leceita" do "intelior": "Antes de eu deitar, ela passava banha de porco nos fios. Depois, enfiava na minha cabe�a uma meia de n�ilon para segurar os fios para baixo". N�o assentava nadinha, mas que "clesceu", "clesceu"...
Cebolinha n�o foi "cliado" pelo pai, mas por um "padlasto" do qual "palece" sentir medo ainda hoje. "Ele me batia muito", conta. "Quem me deu educa��o mesmo foi o pai do Mauricio : a n�o falar palavr�o, a respeitar os mais velhos, a ter medo de pol�cia e de juizado de menor."
Estudou apenas dois anos. Seu "plimeiro emplego" foi "englaxate" dos clientes da "barbealia". Aos 18, Cebolinha fez Ex�rcito. Teve dois filhos, cinco netos e "tl�s" bisnetos.
Hoje, seu Cebola ajuda na manuten��o da "cleche" da "igleja" S�o Jos� Opel�lio, em Mogi. "O Mauricio manda todo m�s um pacote de revistas para a crian�ada."
Ah, sim. Ele ainda fala "elado". "Mas s� quando fico nervoso", "esclalece".
CASC�O
Diferentemente de seu Cebola, Casc�o se recusou a aparecer no jornal.
Mauricio de Sousa conta que perdeu contato com ele em meados do s�culo passado. Localizado pela Folha em Mogi, J.S. (preservaremos seu nome) n�o quis falar nem ser fotografado.
Baiano com pouco mais de 70 anos, J.S. ainda est� na ativa. � caminhoneiro em uma transportadora da regi�o. Costuma ir � Argentina buscar peixe e entregar a carga no Ceasa, em S�o Paulo.
Suas viagens costumam durar tr�s semanas e J.S. gosta de contar que h� uma serra t�o �ngreme na Argentina que, dependendo da �poca do ano, � preciso equipar suas rodas com correntes para que o caminh�o n�o deslize no gelo estrada abaixo.
Como Cebolinha, Casc�o era de fam�lia pobre em Mogi das Cruzes. Na inf�ncia, J.S. morava no bairro de S�o Jo�o e a regi�o n�o tinha �gua encanada.
Sua casa tinha um po�o bastante profundo, de 15 ou 16 metros, e a m�e puxava �gua do balde para dar banho completo no menino apenas aos fins de semana. Usava-se sab�o de cinzas: sebo de vaca, banha de porco e cinza de lenha. N�o tinha cheiro muito bom, dizem os anci�es.
Seja como for, nos outros dias, era mais uma limpeza no J.S.. Agravante, o bairro de S�o Jo�o era feito de terra vermelha.
Da� o menino estar sempre com certa sujeira acumulada atr�s da orelha, no pesco�o, no calcanhar... E da� o seu Antonio, pai de Mauricio, ter soltado mais essa:
–�, Casc�o!
O apelido pegou e n�o saiu nem com sab�o.
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