Cl�ssico, novo Kendrick Lamar bate recorde em servi�o da web
N�o � para voc� se sentir confort�vel. Ao longo dos quase 80 minutos de "To Pimp a Butterfly", novo disco do rapper californiano Kendrick Lamar, a densidade � alta, as ang�stias est�o � flor da pele, a m�sica � surpreendente o tempo todo.
Rec�m-lan�ado, sem aviso, o �lbum chegou a quebrar o recorde do servi�o de streaming Spotify por dois dias seguidos, com quase 20 milh�es de reprodu��es.
Instantaneamente recebido como um cl�ssico, cheio de hiperlativos, "To Pimp a Butterfly" � um marco do hip-hop e da contempor�nea m�sica afro-americana pela avalanche de ideias, emo��es intensas e pensamento de vanguarda.
Figuras como George Clinton, Pharrell Williams e Snoop Dogg (al�m de uma curiosa participa��o p�stuma de Tupac Shakur) contribuem com o mosaico de timbres e grooves, mas quem realmente faz a diferen�a s�o os m�sicos que aparecem ao longo das faixas.
Nomes como o baixista Thundercat, o tecladista Robert Glasper e o produtor Flying Lotus ajudam a passar sonoridades funk e jazz pelo filtro do hip-hop experimental, entre batidas quebradas, improvisos de piano e saxofone e m�tricas imprevis�veis.
Como um disco conceitual apresentado em mini-su�tes, poucas coisas duram mais do que poucos minutos: as faixas trazem uma mir�ade de ideias comprimidas, com incont�veis detalhes moment�neos, interl�dios e levadas que mudam constantemente.
CAMADAS
A voz, em cad�ncias surpreendentes, partes faladas e rimas improv�veis, vai incansavelmente emulando tons com seu fraseado r�pido, quase cuspindo ou quase chorando, raivoso ou encorajador, arrogante ou autopenitente.
O discurso � forte e vem em diferentes estilos, sob diferentes pontos de vista, em uma narrativa complexa e cheia de camadas. Em impressionantes faixas como "The Blacker the Berry", "Hood Politics", "i" e "King Kunta", Lamar apresenta um estudo do homem negro nos EUA hoje, usando sua hist�ria como mote, sem medir a entrega ou as palavras.
Da capa �s tem�ticas, do caos �s epifanias, do mundo c�o a toda a esperan�a que cabe em uma m�sica, "To Pimp a Butterfly" � uma longa hist�ria, contada pelos constantes contrapontos da vida real entre vida e morte, sobreviv�ncia e culpa, deus e o diabo, bom e mau, amor e �dio.
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