Opositor de Putin, Vlad�mir Sor�kin � primeiro russo da Flip
O primeiro escritor russo a ir � Flip � uma figura bastante controversa em seu pa�s —e n�o apenas devido �s posi��es pol�ticas. Veemente opositor de Putin, Vlad�mir Sor�kin, 58, adota sofisticados procedimentos lingu�sticos, narrativos e liter�rios para abordar do canibalismo ao incesto.
Sor�kin emergiu na cena russa dividido entre literatura e artes pl�sticas, entre os criadores n�o conformistas do final da era sovi�tica —anos 1970 e 1980. Formado em engenharia mec�nica, foi traduzido em 20 idiomas.
Em 2011, a editora 34 j� escolhera seu "Um M�s em Dachau" para concluir a "Nova Antologia do Conto Russo". Agora, lan�a "Dostoi�vski-Trip" (1997), uma das 12 pe�as de Sor�kin, que retrata os devaneios de sete pessoas ao consumirem uma droga altamente viciante: a literatura.
Jennifer S. Altman/The New York Times | ||
![]() |
||
Vlad�mir Sor�kin, escritor russo, no parque High Line, em Nova York |
"Essa pe�a � muito representativa da minha rela��o com a literatura: um narc�tico necess�rio a autor e leitores", diz � Folha, por e-mail.
"Ela n�o apenas nos impede de morrer devido � rotina como nos torna mais s�bios."
Ao final da pe�a, um qu�mico constata que "Dostoi�vski em estado puro � mortal" e que talvez seja necess�rio dilui-lo com Stephen King.
Sor�kin reconhece a import�ncia do autor de "Crime e Castigo", embora considere seu estilo "confuso e destitu�do de pureza". "Pela leitura, prefiro Tolst�i e Turgu�niev; pelas ideias, Dostoi�vski."
"Os cl�ssicos russos est�o sempre comigo", afirma o autor, comparando-os ao ar que respira. "No meu escrit�rio, ficam atr�s de mim. � gostoso escrever e, depois, inclinar-se na poltrona e se apoiar em Tolst�i e Dostoi�vski."
Se tivesse que escolher livros seus para serem lan�ados no Brasil, optaria pela novela "Nevasca", de 2010 ("sobre a metaf�sica do insuper�vel espa�o russo"), e pelo romance "Tel�ria", de 2013 ("sobre os novos medos da Europa").
Confessando ignorar tudo a respeito do Brasil ("bom que existem continentes desconhecidos para mim"), Sor�kin � loquaz ao abordar a situa��o da R�ssia. "H� uma febre neoimperialista. � uma doen�a perigosa, sobretudo para um pa�s t�o enfraquecido economicamente", afirma.
Quanto � Crimeia, pen�nsula ucraniana anexada pela R�ssia, diz: "Pode se tornar aquele tipo de prato que nosso pa�s n�o consegue digerir. Refiro-me �s consequ�ncias dessa aventura. Pois todo o mundo civilizado a condenou. Russos e ucranianos eram povos irm�os. Isso me parece um pesadelo".
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade