ILUSTRADA 50 ANOS: 2006 - Raul Cortez morre aos 73 anos
O ator Raul Cortez morreu ontem �s 20h15. Ele estava internado desde o dia 30 de junho no hospital S�rio-Liban�s, em S�o Paulo. O corpo ser� velado hoje no teatro Municipal, a partir das 7h, e cremado na Vila Alpina (zona leste de SP). Cortez morreu aos 73 anos, em decorr�ncia de um c�ncer na regi�o do est�mago. Ele j� havia mencionado sua doen�a em entrevistas � imprensa.
Em nota oficial, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva lamentou a morte do ator. "A cultura brasileira acaba de perder um talento inigual�vel. Raul Cortez foi um ator excepcional, seja no teatro, no cinema ou na televis�o. A obra de Raul Cortez, que marcou a hist�ria da dramaturgia brasileira, deixa para as novas gera��es um exemplo de seriedade e dedica��o � arte."
Divulga��o/Rede Globo |
Cortez em cena da novela "O Rei do Gado", da Rede Globo; ele morreu aos 73 anos |
Cortez nasceu em 28 de agosto de 1932, na cidade de S�o Paulo. Em 1955, entrou para o grupo Teatro Paulista de Estudante e, no ano seguinte, ingressou no teatro profissional com um papel menor, na pe�a "Eur�dice", no Teatro Brasileiro de Com�dia (TBC).
Foi no come�o da d�cada de 1970 que o ator iniciou sua cole��o de pr�mios importantes do teatro brasileiro. Recebeu seu primeiro Moli�re em 1972, por sua atua��o em "Rapazes da Banda".
Em 1976, por seu desempenho em "A Noite dos Campe�es", foi novamente contemplado com o Moli�re. Ganhou tamb�m, no mesmo ano, o pr�mio da Associa��o dos Cr�ticos de S�o Paulo, o pr�mio Governador do Estado e o trof�u Mambembe.
Na d�cada anterior, em 1963, Cortez atuou em "Pequenos Burgueses", montagem do Oficina, sob dire��o de Jos� Celso Martinez Corr�a. No mesmo ano, nasceu L�gia, sua filha com a atriz C�lia Helena. Ambos contracenariam, em pap�is de pai e filha, nas pe�as "Cheque ou Mate" e "Rei Lear". O ator teve uma segunda filha, Maria, com a atriz T�nia Caldas. Cortez deixou duas netas.
Cortez conquistou amplo reconhecimento e sucesso popular com suas atua��es em novelas de TV. Fez parte do elenco de "�gua Viva", "Baila Comigo", "Partido Alto", "Rainha da Sucata", "O Rei do Gado" e "Terra Nostra", entre outras. Sua �ltima apari��o na teledramaturgia aconteceu na s�rie "JK", da Globo, neste ano.
Raul Christiano Machado Cortez cresceu com tr�s irm�os e duas irm�s numa fam�lia est�vel de classe m�dia. Passou a inf�ncia num casar�o de Santo Amaro, ent�o um sub�rbio rural da capital paulista.
O pai, advogado, via as qualidades de ator do filho, mas as interpretava com outros olhos e aspira��es. A vis�o paterna se dissiparia quando, j� estudante de direito, Cortez aos poucos foi voltando, em pe�as de teatro amador, ao lazer do quintal de Santo Amaro. Consumada a op��o, o pai nunca o perdoaria: nunca assistiu a uma interpreta��o de Cortez.
Necessidades prosaicas de sustento retardaram por alguns anos a preval�ncia da voca��o verdadeira. Raul foi resignado funcion�rio p�blico, geriu med�ocre ag�ncia de publicidade, fez pontas em comerciais infames, at� que amizades do meio teatral lhe conseguissem "Eur�dice", protagonizada no Teatro Brasileiro de Com�dia por Cleyde Y�conis e Walmor Chagas.
Era um papel de figurante, mas que o fez vibrar antecipadamente: caberia a ele ler a carta de Eur�dice (Cleyde) a Orfeu (Walmor). Finalmente sobrevinha o reconhecimento do poder m�gico de sua voz, que falhou no momento crucial.
Os pap�is
Quando afinal se fez ouvir, a voz redimiu esse fiasco inaugural e ganhou outras oportunidades para Cortez. N�o oportunidades de domina��o imediata do meio, mas de ascens�o gradual, que abrangeria pap�is coadjuvantes do repert�rio da Companhia Cacilda Becker e participa��o no aplaudido quarteto declamador "Os Jograis de S�o Paulo".
Aprenderia tudo no pr�prio of�cio. Provou versatilidade em mais de 60 pe�as e 25 filmes, mais outras tantas novelas, tanto em pap�is que lhe exigiram vestir-se de mulher ("As Boas") quanto expor-se nu ("Os Monstros", "O Balc�o"), tanto em mon�logos ("Ah Am�rica", "Um Certo Olhar - Pessoa e Lorca") quanto em trabalhos com a maioria dos diretores e atores de primeira grandeza.
Entre as exce��es, Paulo Autran: cada vez que se viram num teatro, pelo menos um dos dois estava na plat�ia.
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