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26/03/2013 - 03h06

Passagem de Sartre pelo Brasil teve muita imprensa e pouca filosofia

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MARCELO BORTOLOTI
COLABORA��O PARA A FOLHA

Desde a d�cada de 1950, os jornais brasileiros j� anunciavam uma poss�vel vinda de Jean-Paul Sartre (1905-1980) ao pa�s. A visita s� se concretizou em 1960, depois de um insistente convite do escritor Jorge Amado.

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Ao lado da mulher, Simone de Beauvoir, o fil�sofo passou dois meses e meio no pa�s, e percorreu mais de dez cidades, incluindo Recife, Salvador, Rio, S�o Paulo e Ouro Preto. A maior parte da programa��o foi organizada por Amado, ex-integrante do Partido Comunista que conheceu Sartre na Fran�a.

A viagem foi um estrondoso sucesso de m�dia. Em uma �nica semana que passou por S�o Paulo, os jornais paulistas dedicaram a ele mais de 200 artigos. Sartre deu entrevistas na televis�o, apareceu em colunas sociais, participou de in�meras confer�ncias e se encontrou com comunistas hist�ricos, como Lu�s Carlos Prestes e Oscar Niemeyer.

Z�lia Gattai/Funda��o Casa de Jorge Amado
Jean-Paul Sartre em Ouro Preto (MG), em 1960, fotografado pela escritora Z�lia Gattai
Jean-Paul Sartre em Ouro Preto (MG), em 1960, fotografado pela escritora Z�lia Gattai

Falou pouco de filosofia. Os temas principais de suas palestras eram a liberta��o da Arg�lia, ent�o col�nia francesa, e a revolu��o em Cuba, onde ele havia estado meses antes, e cujo modelo achava ideal para a Am�rica Latina. Esse discurso engajado fez grande sucesso no pa�s, que vivia um momento de euforia das esquerdas.

Sartre s� se deteve em temas filos�ficos na famosa confer�ncia de Araraquara (273 km de S�o Paulo). Ele viajou para o interior paulista a convite de um jovem professor universit�rio, Fausto Castilho, contrariando Jorge Amado, que desaconselhava sua participa��o no evento. O objetivo era discutir o pol�mico livro "Cr�tica da Raz�o Dial�tica".

"A publica��o suscitou muitas d�vidas sobre a validade de suas teses. Nesta �poca, ele havia sa�do da condi��o de fil�sofo universit�rio para a de militante pol�tico", diz Castilho, hoje com 83 anos. Na palestra, posteriormente publicada em livro, o franc�s defende a tese marxista de que � menos importante interpretar o mundo do que transform�-lo.

Ao longo da visita, Sartre fez grandes elogios ao Brasil e anunciou que voltaria posteriormente como turista, o que nunca aconteceu. Quatro anos depois, as ideias revolucion�rias que defendeu seriam sufocadas por um golpe militar.

 

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