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AS BOAS DO "BONRA"
Pratos do Shoshi saem dos livros de receitas da vovó
Shoshana Baruch não descuida um segundo dos pratos e do serviço do seu restaurante de comida judaica
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao se sentar para comer no
Adi Shoshi Delishop, um cliente novato pode se assustar com
o barulho que vem da cozinha.
Shoshana -a dona- estará
falando alto. Bradando ordens,
várias ao mesmo tempo, em
frases que ecoam da cozinha e
chegam distorcidas às mesas.
Mesmo sem entender uma
palavra -por vezes ela fala em
hebraico-, não há dúvidas:
Shoshana está ditando o ritmo
das panelas, da entrada e da retirada dos pratos, dos pedidos
de conta, do troco a ser entregue, do ponto da coalhada que
acompanha a berinjela recheada com ricota e da confecção do
seu pudim secreto.
Ela não vai demorar para dar
uma saída da cozinha. Bem rápida, só para checar se está tudo correndo bem nos dois pequenos salões que dão para a
rua Correia de Melo. Com os
clientes, a maioria freqüentador de longa data, a voz permanecerá firme, mas mais mansa,
carinhosa. Fazendo jus ao significado do seu nome em português: "Rosa".
E permanecerá assim até que
ela volte para a cozinha ou até
que... Bem, até que um cliente
resolva deixar um pedaço do tal
pudim no prato. Ele é delicioso.
Mas, antes de pedir, tenha certeza de que ainda agüenta mandar ver na sobremesa. Porque
ela é enorme. E porque Shoshana tem verdadeira paixão pelo
doce feito como manda cada linha do caderno de receitas, em
búlgaro, da sua avó. E porque
ela pode ficar muito, muito desapontada mesmo se você sobrar um pedacinho.
"Na época em que essa receita foi feita não existia leite condensado. E aqui o pudim de caramelo permanece assim",
conta. Em seguida, deixa claro
que não contará mais nenhum
detalhe sobre o preparo da delícia que atravessa gerações e se
mantém como a sobremesa
mais pedida da casa desde que
ela abriu as portas, em 1987.
Shoshana, israelense nascida
na cidade portuária de Haifa,
veio com o marido -o búlgaro
Adi Baruch-, trabalhar com a
mãe, que chegou ao Brasil em
1974 e abriu a Casa Búlgara, que
comanda bem perto do restaurante da filha.
A idéia de abrir um negócio
próprio foi do marido. "Eu não
queria, não. Queria ser gerente
de banco, como fazia na minha
cidade", conta Shoshana. Mas
não teve jeito. Logo o casal
abriu uma espécie de rotisseria,
com duas ou três mesinhas onde os clientes pudessem se sentar enquanto esperavam o que
tinham pedido.
Mas as delícias que ela preparava fizeram tanto sucesso que
não demorou para que os dois
precisassem multiplicar as cadeiras e fazer do lugar, enfim,
um restaurante.
Entre as receitas mais tradicionais da casa, há o tchulent
(R$ 20 se for consumido lá e R$
29 se for para viagem), um cozido de feijão branco, galinha e
carne, servido às sextas e aos
sábados, o shpondra (R$ 18),
uma costela de boi refogada, e o
varenike (R$ 18), uma massa
recheada com batatas.
Não deixe de experimentar a
berinjela recheada com ricota,
servida com coalhada. Entre as
opções de um segundo menu,
batizado de contemporâneo,
assinado pelo filho do casal, há
mussaka com guarnição (R$ 20
a R$ 24), pratos de massa (entre R$ 16 e R$ 22) e cinco tipos
de salada (entre R$ 12 e R$ 16).
A "Delishop" vem com filé de
frango grelhado, folhas, frutas e
molho.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
ADI SHOSHI DELISHOP
Rua Correia de Melo, 206, Bom Retiro;
funciona de seg. a sáb., das
10h às 15h30; fecha a partir desta
segunda e reabre em 6/1
tel.: 0/xx/11/3228-4774
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