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ISRAEL
Comunidades buscam fontes alternativas de rendimento para contornar evasão de jovens e má administração
Kibutz se transforma para sobreviver
FREDERICO VASCONCELOS
enviado especial a Israel
O Nof Ginosar Hotel, às margens
do lago Kineret, ou mar da Galiléia, em Israel, é um estabelecimento quatro estrelas, mas os hóspedes fazem os seus pratos no restaurante, dispensando garçons, e
carregam as próprias malas.
O hotel pertence a um kibutz (em
hebraico, significa estabelecimento coletivo, comunidade voluntária onde as pessoas vivem e trabalham sem competir entre si).
A opção pelo turismo como uma
das fontes de receita de vários kibutzim (plural de kibutz) é apenas
um dos sinais das transformações
por que passaram essas comunidades, criadas no início do século
voltadas só para a agricultura.
Há 270 kibutzim em Israel, com
cerca de 120 mil membros. São
pessoas que ainda crêem na propriedade comunitária e nos princípios da igualdade e justiça social.
Mas o modelo tem sido constantemente questionado. Há uma
evasão de jovens, a terceira geração. Muitos kibutzim não foram
bem-sucedidos, o que é atribuído
à falta de um planejamento eficiente ou a gestões extravagantes.
O hotel dispõe de ar condicionado e TV nos 170 apartamentos com
decoração típica dos hotéis americanos.
O conforto surpreende os que
imaginam a vida num kibutz tendo como referência os primeiros
anos das fazendas coletivas.
O kibutz Ginosar, hoje com 700
membros, foi fundado em 1934 e
mantém uma unidade industrial.
Cada kibutz é independente,
com seu próprio estatuto. Os diretores são eleitos em assembléia,
que aprova o orçamento e decide
sobre novos membros.
Comissões são eleitas para cuidar de assuntos específicos, como
educação, habitação, saúde e finanças. Todas as decisões são tomadas a partir do voto direto.
Atraídos por diferentes formas
de vida, muitos jovens, depois de
cumprir seu período no Exército,
não retornam para o kibutz.
A falta de mão-de-obra para o
trabalho nas fábricas, ou na agricultura em determinadas épocas
do ano, obriga o kibutz a contratar
trabalhadores. Esse recrutamento
conflita com os princípios da auto-suficiência do kibutz.
Cada membro recebe uma quantia para despesas fora do kibutz. O
kibutz fornece instalações para
moradia, equipamentos e vestuário e assume a responsabilidade
pela educação e cuidados médicos.
Para alguns analistas, essa situação tende a acomodar as pessoas.
Alguns kibutzim instituíram o salário proporcional à produtividade, para combater a acomodação.
Essa renda permitiria acumular
para comprar uma TV ou uma
moto. O automóvel, ícone do capitalismo, é um bem individual não
permitido em alguns kibutzim.
O jornalista Frederico Vasconcelos foi a Israel
a convite do Consulado de Israel em São Paulo
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