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DESEMPREGO E MORTE
Aumento incidiu principalmente sobre homens na faixa dos 40 e 50 anos que foram demitidos
Suicídio no Japão sobe 35% com crise
das agências internacionais
A polícia japonesa informou ontem que 32.863 pessoas se mataram no país em 1998. Isso significa
um aumento de 35% na taxa de
suicídios em relação a 97.
Homens oficialmente desempregados representam quase a metade
do total de suicidas, 15.266.
A Agência de Coordenação e Gerenciamento do Japão anunciou
na última segunda-feira que 2,07
milhões de homens estavam sem
emprego no mês de maio.
Esse foi o maior número de desempregados masculinos registrado no país desde que os atuais métodos de apuração foram adotados, no ano de 1953.
Apesar disso, o percentual total
de desempregados no país caiu de
4,8% para 4,6% no mesmo mês.
O aumento de suicídios incidiu
principalmente nas pessoas mais
atingidas pela reestruturação econômica japonesa e pelos cortes nas
folhas de pagamento que vêm
acontecendo nos últimos anos por
causa da crise financeira mundial.
Houve mais do que o dobro de
suicídio de homens em relação ao
de mulheres japonesas no ano passado. Dos mais de 32 mil suicidas,
23.013 eram homens e 9.850 eram
mulheres.
Levando-se em conta apenas as
pessoas na faixa dos 50 anos, o aumento da taxa de suicídios foi de
45,7%, chegando a um total de
7.898 suicidas no período. Na faixa
dos 40 anos, o aumento no ano de
1998 foi de 27,6%.
Essas faixas etárias estão entre as
mais atingidas pela crise. Nessas
idades, o japonês atinge os postos
médios do mercado de trabalho.
Certos cargos gerenciais e de direção estão sendo reformulados ou
extintos nas empresas, e a recolocação no mercado é dificultada por
causa da retração da economia.
Tradição cultural
O suicídio é uma tradição no Japão. Pode ser utilizado como um
meio de escapar da vergonha e de
salvar os entes queridos de embaraços ou de perdas financeiras.
Em suas origens no Japão, o suicídio era um ato ritualístico para
aquele que não conseguia cumprir
seus deveres com os superiores.
"Atualmente, o suicídio não é
mais visto como um ato elevado,
como originalmente era", afirma o
doutorando em história na Unesp
e monge budista Francisco Handa.
"Mas não é visto como pecado",
completa, referindo-se ao conceito
judaico-cristão que considera que
apenas Deus pode tirar a vida humana.
Para ele, o mais importante na
sociedade japonesa é o coletivo,
em detrimento do indivíduo. "Ritualisticamente, é um ato para a
sociedade, não individual."
A grande pressão social no Japão
seria fundamental para a morte escolhida por essas pessoas.
Colaborou Rodrigo Uchôa
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