Morre Samuel Klein, que criou Casas Bahia
Empres�rio que popularizou o credi�rio e levou o consumo � classe C tinha 91 anos e estava internado havia 15 dias
De origem polonesa, comerciante abriu primeira loja em 1958, seis anos depois de imigrar para o Brasil
Samuel Klein, o homem que fundou as Casas Bahia e popularizou as compras a pequenas presta��es no Brasil, morreu na manh� desta quinta (20) aos 91 anos em S�o Paulo por insufici�ncia respirat�ria. O empres�rio estava internado havia 15 dias no Hospital Albert Einstein.
Nascido em 1923, na Pol�nia, Klein teve uma inf�ncia de priva��o numa Europa ainda em reconstru��o ap�s a Primeira Guerra Mundial. Os pais, sem posses, tiveram nove filhos, e Klein s� p�de cursar os primeiros quatro anos do ensino fundamental.
Com o in�cio da Segunda Guerra, a fam�lia, judia, sofreu com a persegui��o nazista. Pouco depois, em 1942, pais e filhos foram presos. A fam�lia foi separada. Klein, o irm�o mais novo e o pai foram levados a um campo de trabalhos for�ados; a m�e e os outros irm�os, encaminhados ao campo de exterm�nio de Treblinka, onde ela e a maioria deles morreriam.
Klein passou dois anos no campo de concentra��o de Majdanek. Fugiu em 1944, permanecendo na Pol�nia.
Terminada a guerra, foi procurar o pai na Alemanha. Aprendeu o of�cio de marceneiro, mas logo percebeu que ganharia mais atendendo a necessidades das tropas aliadas: vendia vodca a russos e cigarros a americanos.
Foi assim que juntou algum dinheiro para deixar a Alemanha, onde n�o via perspectiva de melhorar de vida. Em 1951, partiu para a Am�rica do Sul com a mulher, Anna, e o Michael, 2 anos, o primeiro de quatro filhos. Os outros tr�s nasceriam no Brasil: Saul, Eva e Oscar (este �ltimo, tamb�m falecido).
Depois de uma experi�ncia fracassada na Bol�via, chegaram ao Brasil em 1952. Klein tinha uma tia no Rio de Janeiro, mas preferiu morar em S�o Caetano do Sul (SP).
O dinheiro, cerca de US$ 6.000, foi suficiente para comprar uma casa e uma carro�a. O meio de transporte veio com um cavalo e, mais importante, uma lista com 200 fregueses do mascate que passara o neg�cio adiante.
Com essa estrutura prec�ria e sem falar portugu�s, come�ou a revender cobertores e toalhas aos nordestinos que chegavam � regi�o do ABC para trabalhar na nascente ind�stria automobil�stica.
Foi s� em 1957, quando multiplicou por dez a clientela, que abriu "o primeiro loja", como dizia, trocando o g�nero dos substantivos com seu sotaque carregado.
Os fregueses, chamados de "baianos" pelos paulistas, deram o mote para o estabelecimento: Casa Bahia. O singular logo teria que ser corrigido para refletir o n�mero crescente de lojas --s�o mais de 500 unidades em 15 Estados e no Distrito Federal.
Samuel Klein se tornou o rei do com�rcio varejista popular muito antes de a classe C entrar para a ordem do dia. Mais do que a venda de produtos para o lar, fez fortuna com o credi�rio, que era liberado mesmo para quem tivesse nome sujo na pra�a.
Depois da forte expans�o nos anos 90, com sucessivas aquisi��es de redes regionais, em 2009 foi a vez de as Casas Bahia virarem alvo. J� sob a gest�o de Michael Klein, o controle da empresa foi adquirido pelo Grupo P�o de A��car, criando um grupo de R$ 40 bilh�es.
Samuel Klein gostava do mar, de que desfrutava em um iate de 61 p�s. Com exce��o dessa extravag�ncia, era um homem simples, que trabalhava de sand�lias, quando n�o tinha compromissos externos. Por mais de cinco d�cadas, teve dedica��o total �s Casas Bahia.