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Cr�tica romance

Paul Auster derrapa em livro ao olhar demais para espelho

CAD�O VOLPATO ESPECIAL PARA A FOLHA

J� faz tempo que Paul Auster vem girando em falso dentro da pr�pria literatura. Os �ltimos livros do escritor tentam recuperar o vigor perdido com p�lidas imita��es daquilo que, no passado, significava estilo e novidade.

Auster conseguiu inventar um personagem de escritor p�s-moderno convincente, capaz de se equilibrar entre a alta e a baixa literatura.

Esse escritor criava hist�rias de solid�o e mist�rio dentro do universo afetuoso do Brooklyn, bairro de NY que ainda n�o estava na moda.

Mesmo que se descolassem da paisagem local e se perdessem no mundo em intrincadas perip�cias, os personagens de Auster se reencontravam, como se tomassem o metr� de volta para casa e descessem na esta��o certa, aquela dentro do Brooklyn.

Auster criou uma esp�cie de mitologia sobre sua vida, marcada por hist�rias em que o acaso e as coincid�ncias acontecem de forma natural, como se fosse em um de seus romances.

Essas tramas da vida real s�o relatadas em seu melhor livro, as mem�rias de "A Inven��o da Solid�o" (1982), cujo protagonista � o pai.

Passados 30 anos, Auster recupera o passado e a automitologia num livro de menor valor, "Di�rio de Inverno". Lan�ado em 2012, quando o escritor tinha 65 anos, "Di�rio de Inverno" sai agora no Brasil j� envelhecido.

Assim como vinha derrapando nos livros mais recentes, Auster vive de lampejos numa narrativa memorial�stica autoindulgente e �s vezes embara�osa.

Desta vez, a m�e � o centro das aten��es. Ou quase.

Na verdade, o corpo do narrador, milagrosamente em boa forma depois de alguns desastres a que se viu submetido --entre os quais um impressionante acidente de carro ocorrido em 2002-- toma conta da hist�ria.

EGOTRIP

"Di�rio de Inverno" � uma egotrip com um tom quase infantil, com Auster escrevendo na segunda pessoa (ou seja, "voc�" � ele mesmo) e oscilando entre a alta e a baixa literatura segundo a mitologia que ele mesmo inventou. Ele se exp�e demais.

As frases meio constrangedoras se sucedem no livro: "Mas voc� n�o � mais dur�o, certo? Desde a s�ndrome do p�nico de 2002 voc� deixou de ser dur�o, e muito embora se esforce para ser uma pessoa de bem, j� h� muito que voc� n�o se v� mais como um her�i".

O resultado pode ser normal para quem l� tudo o que ele escreve sem se importar com altos e baixos, mas uma mitologia precisa de imagina��o para se escorar.

Desta vez, o escritor passou tempo demais olhando para o espelho.


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