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VINHOS
EUA revela origem da
cabernet sauvignon
JORGE CARRARA
especial para a Folha
Dois cientistas da Universidade
de Davis, Califórnia, acabam de
descobrir a origem da uva cabernet sauvignon, um tema que tem
intrigado durante longo tempo
enófilos e pesquisadores.
Por meio da análise do DNA de
51 diferentes variedades (incluindo a própria cabernet sauvignon),
Carole Meredith e John Bowers,
dois especialistas em genética,
conseguiram determinar que a cepa tinta, uma das mais renomadas
do mundo, teria nascido do cruzamento de outra uva rubra (a cabernet franc) com a delicada variedade branca sauvignon blanc -surpreendentemente, dada a robusta
estrutura dos seus vinhos.
De acordo com o estudo norte-americano, estima-se que o primeiro exemplar da cabernet sauvignon, que teria dado origem ao restante dos vinhedos do tipo no planeta, deve ter aparecido cerca de
400 anos atrás na região de Bordeaux, no sudoeste da França.
O cruzamento deve ter-se dado
de maneira espontânea entre videiras vizinhas, dado que não se
tem notícia de viticultores realizando experiências do tipo antes
daquela época.
Tintos de ponta
A cepa já era bastante cultivada
nos terrenos bordaleses no século
17 e ganhou fama através dos anos
pela fineza e longevidade que proporciona aos seus vinhos.
Ela alicerça hoje alguns dos melhores vinhos do mundo, como os
"crus" da sua Bordeaux natal
(uma elite em que militam pesos-pesados como o Château
Mouton-Rotschild, Margaux ou
Latour, e a maioria dos tintos de
ponta californianos.
Curiosamente, os seus pais genéticos nunca alcançaram o mesmo
fulgor. Na ala das uvas tintas a cabernet franc poucas vezes conseguiu destaque por si própria, sendo utilizada principalmente para
dar corpo e estrutura a vinhos onde a merlot ou sua descendente, a
cabernet sauvignon, desempenham o papel principal.
No departamento das variedades
brancas a sauvignon blanc ocupa
talvez um lugar melhor, dando
forma a alguns belos varietais do
novo mundo, mas ficando quase
sempre à sombra da riesling e,
principalmente, da chardonnay.
O trabalho realizado pela universidade é parte de um projeto que
pretende identificar geneticamente variedades comercialmente importantes da Califórnia.
O próximo desafio da equipe será identificar a origem de outra
uva tinta: a zinfandel.
Durante muito tempo se acreditou que a cepa -com a qual são
produzidos tintos intensos, potentes e ricos em fruta- era nativa da
América. Algumas pesquisas, porém, acharam laços entre ela e algumas variedades européias, como a primitivo da Itália.
Outros a imaginaram ligada a
uvas nativas da Croácia. Com a entrada em cena dos detetives genéticos da Davis, a saga da zinfandel
pode ser o próximo mistério vitícola a ter os seus dias contados.
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