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COLEÇÃO FOLHA
Royal Philharmonic Orchestra toca duas suítes
Georges Bizet e Edvard Grieg são as atrações do próximo volume
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Semana que vem, dentro da Coleção Folha, a Royal Philharmonic Orchestra toca duas obras coloridas do século 19: suítes da ópera "Carmen", do francês Georges Bizet (1838-1875), e da música incidental para a peça "Peer Gynt",
do norueguês Edvard Grieg
(1843-1907).
Bizet escreveu música para piano e obras orquestrais, além de
óperas como "Ivan 4�", "Os Pescadores de Pérolas" e "Djamileh",
entre outras. Baseada na novela
homônima de Prosper Merimée,
"Carmen" foi, indubitavelmente,
seu maior sucesso, festejada pelo
filósofo Friedrich Nietzsche, com
melodias cantaroladas e assobiadas em todo o planeta.
Por amarga ironia, contudo, Bizet não chegou a viver para ver o
êxito de "Carmen". À sua estréia,
em 1875, a ópera recebeu fortes
ataques da crítica, deixando seu
autor gravemente deprimido; Bizet morreu no mesmo ano.
As duas suítes da ópera trazem,
sem a participação das vozes, alguns de seus temas mais conhecidos, como a "Habanera" e a "Seguidilla", danças de inspiração
hispânica que, na versão original,
são cantadas pela protagonista de
"Carmen", uma cigana que seduz,
em Sevilha, o soldado Don José,
bem como a "Canção do Toreador", tema do toureiro Escamillo.
Enquanto Bizet buscou no calor
mediterrâneo da Península Ibérica a inspiração para sua obra mais
famosa, Grieg, principal compositor norueguês de todos os tempos, tinha a preocupação de retratar em sua música sua terra natal.
Era o tempo da escola que ficou
conhecida como nacionalista. No
séc. 19, enquanto o nacionalismo
surgia como idéia política, compositores de nações tradicionalmente periféricas na história da
música começaram a buscar no
folclore de seus países inspiração
para suas criações. Aconteceu,
por exemplo, com Mussorgski e o
Grupo dos Cinco na Rússia, e com
Smetana e Dvorák na Boêmia.
Autor de um famoso concerto
para piano, da neoclássica "Suíte
Holberg" e da coletânea de obras
para piano solo conhecidas como
"Peças Líricas", Grieg foi um nacionalista que acabou tendo influência na música brasileira
-depois de fazer amizade, na Europa, com o compositor norueguês e de se casar com uma de
suas alunas, Alberto Nepomuceno (1864-1920) voltou para o Brasil com a preocupação de fazer
música com idioma nacional.
Foi em 1875 que Grieg criou a
música incidental para "Peer
Gynt", do dramaturgo norueguês
Henrik Ibsen (1828-1906), autor
de "Um Inimigo do Povo" e "Casa
de Bonecas". Designado como
"Fausto do Norte", "Peer Gynt"
narra uma série de fantásticas viagens de seu protagonista, que deram a Grieg a oportunidade de escrever música de grande variedade anímica, riqueza orquestral e rara felicidade melódica.
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