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Ivan Reitman
é especialista
em comédias
especial para a Folha, em Maui
Com uma história de vida dramática, que inclui a fuga da então
Tchecoslováquia aos cinco anos, o
diretor Ivan Reitman construiu
carreira no cinema garantindo comédias de sucesso nos últimos dez
anos.
Títulos como "Os Caça-Fantasmas" e "Gêmeos" fizeram a publicação "Variety" homenageá-lo com o terceiro título de
"Diretor de US$ 1 Bilhão" das
seis décadas de existência do periódico.
Com notória preferência por comédias fáceis, o diretor falou, em
entrevista sobre "Seis Dias, Sete
Noites", do assédio da imprensa
ao filme após Anne Heche ter revelado sua homossexualidade no
início das filmagens.
Folha - Ter um ator famoso como
Harrison Ford no papel principal
garante o sucesso do filme?
Ivan Reitman - A química entre
os atores é o que garante o sucesso
do filme. O personagem masculino é muito marcante, e quando
Harrison Ford aceitou fazer o papel foi um grande desafio encontrar uma atriz que não ficasse à sua
sombra. Anne Heche fez um teste e
logo descobriu um jeito muito peculiar de enervá-lo que é muito engraçado, muito corajoso.
Folha - O sr. reescreveu os diálogos após ter visto a química entre
eles ou após Heche ter assumido
publicamente que é lésbica?
Reitman - Não por causa disso.
Todos os meus filmes mudam durante as filmagens. A cada noite,
escrevo um pouquinho mais. A cena em que os piratas os encontram, e ela diz que tem ouro, por
exemplo, não estava no roteiro
original.
Folha - Como o sr. ficou sabendo
sobre a decisão dela de discutir
publicamente sua opção sexual?
Reitman - Sempre foi um rumor em Hollywood, e quando ela
foi fazer o teste eu já sabia. Mas
achei que não era nada de mais.
Chegamos a conversar sobre o assunto após eu contratá-la.
Folha - Seu interesse é fazer apenas comédias?
Reitman - Não é bem assim.
Quando você faz filmes, precisa
encontrar uma linguagem própria,
e essa se tornou minha linguagem.
Talvez conforme eu for envelhecendo e me tornando mais sensato, possa trabalhar em filmes mais
complicados e talvez até menos
engraçados.
Folha - O sr. tem planos de retornar à República Tcheca?
Reitman - Não voltei desde que
tinha cinco anos. Mas quero fazer
um filme lá. Ainda não me senti
inclinado a voltar, pois acho que
não me sentiria à vontade. Quero
filmar a história de como meus
pais e eu fugimos. Fomos presos
embaixo de tábuas no fundo de
um barco de madeira e fomos até
Viena. De lá, fomos para a França e
finalmente para o Canadá, onde
cresci.
(AG)
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