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Atlântida (a brasileira)
pode
desaparecer
O clássico "Aviso aos Navegantes" (51) e 40 horas de cinejornais do histórico estúdio correm o risco de se perder caso não haja patrocínio para recuperação dos filmes, orçada em R$ 1,2 milhão
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CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Um clássico da chanchada brasileira dos anos 50, "Aviso aos Navegantes" (1951), e cerca de 40 horas de cinejornais, todos produzidos pela Atlântida, correm o risco
de se perder caso não sejam encontrados patrocinadores dispostos a investir em sua restauração.
Dois projetos com base na Lei
Rouanet, prevendo a recuperação
dos filmes, receberam autorização do MinC (Ministério da Cultura) para captar recursos há cerca de um ano. Até agora, nada foi
captado.
Para recuperar parte dos cinejornais -apenas os produzidos
nos anos 50-, o projeto preparado em conjunto pela Atlântida e
pela Uerj (Universidade Estadual
do Rio de Janeiro) e apresentado
ao MinC tem um orçamento de
R$ 1.223.190,48.
Os cinejornais, produzidos pela
Atlântida desde sua fundação, em
1941, até 1985, são filmetes com
cerca de dez minutos de duração,
mostrando o noticiário da época.
Eram exibidos nos cinemas antes
do filme principal.
Para recuperar "Aviso aos Navegantes", clássico dirigido por
Watson Macedo, com Oscarito,
Grande Otelo, Anselmo Duarte e
outros nomes da chanchada, o
custo é bem menor: R$ 70 mil.
"Aviso aos Navegantes" está em
melhores condições do que os cinejornais. De acordo com o pesquisador Eduardo Giffoni, coordenador do acervo da Atlântida,
toda a produção dos cinejornais
dos anos 40 até 1952 foi perdida
no grande incêndio dos estúdios
da Atlântida em 1952.
O que restou dos anos 50, a partir de 1953, precisa ser restaurado
urgentemente, diz o pesquisador.
Para tentar viabilizar o projeto,
Atlântida e Uerj decidiram desmembrá-lo. A idéia original era
recuperar todo o acervo do antigo
estúdio -cerca de 1.200 horas de
noticiário, atualmente guardados
na cinemateca do MAM (Museu
de Arte Moderna do Rio).
"Seria muito caro, e decidimos
dar prioridade ao que está em
piores condições. Para fazer tudo,
gastaríamos algo entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões", explica Irapuã Portugal, 48, da Uerj, coordenador do projeto de restauração
dos cinejornais.
Facilidades foram criadas para
atrair os investidores: a contribuição pode ser dividida em até seis
parcelas, a serem pagas trimestralmente durante os 18 meses
nos quais o projeto deverá ser
concluído.
O objetivo da Atlântida e da
Uerj é digitalizar todo o material
e, a partir da matriz digitalizada,
produzir cópias em VHS que ficariam disponíveis a pesquisadores
e estudantes na videoteca da universidade.
Um banco de dados com a relação de todos os assuntos mostrados nos cerca de 250 filmetes restantes dos anos 50 já está sendo
montado.
De acordo com Irapuã Portugal,
quando estiver pronto, o banco
de dados ficará disponível na Internet. Há também a intenção de
produzir dois documentários,
com cerca de 20 minutos cada
um, mostrando o que há de melhor nos cinejornais.
"Os filmes são um documento
muito importante da história do
Brasil, de uma época em que poucos tinham televisão. Se os perdermos, perdemos parte de nossa
história", diz Portugal.
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