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Crítica/CD/"Still Unforgettable"
Cantora Natalie Cole retoma repertório "inesquecível"
Álbum traz clássicos norte-americanos e dueto póstumo com o pai, Nat King Cole
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pressões não faltaram,
mas ela resistiu por bastante tempo. A cantora
norte-americana Natalie Cole
esperou 17 anos para lançar outro projeto na linha de "Unforgettable...With Love", seu álbum que vendeu 14 milhões de
cópias, no início dos anos 90. A
chave desse sucesso vinha na
faixa-título: graças a um truque
de estúdio, Natalie gravou em
duo com a voz do cantor Nat
King Cole (1919-1965), seu pai.
"Essa é uma daquelas coisas
que podem acontecer apenas
uma vez na vida de um artista.
Por isso demorei tanto a decidir se iria fazê-lo de novo. "Unforgettable" foi um fenômeno",
disse a cantora à Folha, em entrevista no começo deste mês.
Natalie, que acaba de lançar
o CD "Still Unforgettable"
(Rhino/ Warner), foi internada
no último dia 12 num hospital
de Nova York.
De acordo com
sua assessora, a cantora está se
recuperando dos efeitos colaterais da medicação que toma
contra a hepatite C e também
do puxado esquema de promoção do novo álbum. A notícia
foi divulgada na sexta-feira.
Clássicos americanos
Em "Still Unforgettable", Natalie não interpreta apenas sucessos do pai. Também canta
clássicos da canção norte-americana, como "The Best Is Yet
to Come", "But Beautiful" e
"Something's Gotta Give", que
ficaram associados às vozes de
outros grandes intérpretes do
gênero, como Frank Sinatra,
Peggy Lee e Sammy Davis Jr.
Claro que ela também aparece em outro duo "fabricado"
com o pai. Desta vez a escolhida
foi "Walkin" My Baby Back Home" (de Roy Turk e Fred
Ahlert), uma canção mais leve e
descontraída do que "Unforgettable". "Eu não queria outra
balada lenta. Decidi fazer uma
canção mais divertida, com a
qual as pessoas estivessem familiarizadas", ela explicou.
Estreando como produtora,
Natalie selecionou o repertório
do álbum com sua diretora musical, a pianista Gail Deadrick.
"Certas canções, especialmente as mais animadas, pedem
uma big band, uma abordagem
mais jazzística", justificou a
cantora, que conta no álbum
com saborosos arranjos orquestrais de especialistas do
gênero, como John Clayton e
Patrick Williams.
"Já não existem mais tantos
artistas cantando boas canções,
como houve no passado", avaliou Natalie, observando que a
cena musical mudou bastante
desde o lançamento de seu primeiro "Unforgettable". "Você
precisar gostar desse tipo de
música para interpretá-la bem.
O próprio público só se lembra
de como esse tipo de música é
tão boa, quando ouve uma Diana Krall ou um Michael Bublé".
Quer dizer que Natalie Cole
pensa como Chico Buarque,
que já disse que o rap e o hip
hop podem acabar matando a
canção? "Concordo com ele. O
hip hop é hegemônico no mundo, e não por ser a melhor música que se faz hoje. Se há uns
5.000 artistas jovens fazendo
hip hop atualmente, só uns 200
artistas se dedicam ao jazz. Essa proporção é muito desigual.
Gosto de hip hop, mas acho que
deve haver espaço para todos
os tipos de música", observou.
A filha de Nat King Cole (o
primeiro negro que apresentou
um programa em horário nobre na TV norte-americana)
não escondeu que vai votar em
Barack Obama para presidente
dos EUA, mas demonstrou
apreensão frente ao cenário político que seu candidato terá de
enfrentar.
"Este é um momento único.
Acho que o mundo espera que
Barack Obama se torne o próximo presidente dos EUA, mas
acho que vai ser uma disputa
bem difícil. Não há garantia alguma de que ele será o vencedor. Acho que as pessoas vêem
em Obama potencial para fazer
os EUA voltarem aos trilhos,
para que o país possa corrigir
suas relações com o mundo",
concluiu a cantora.
STILL UNFORGETTABLE
Artista: Natalie Cole
Gravadora: DMI/Warner
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: bom
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