|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIVRO/LANÇAMENTO
MAQUIAVEL
Biografias de Maurizio Viroli e Roberto Ridolfi colocam nas livrarias o lado humano do autor
Maquiavel em carne e osso
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das muitas virtudes de Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi a
de promover uma espécie de
strip-tease no modo de pensar a
política. Começou por tirar as luvas -ao trabalhar em linguagem
clara, sem a empolação vigente-,
terminou por despir da reflexão
sobre o poder seu casaco mais pesado -a aplicação da moral, sobretudo religiosa, à política.
Chegou a vez de o "desnudador" perder ele mesmo suas vestes. Estão saindo no Brasil dois livros que deixam o pensador florentino em carne e osso.
A Estação Liberdade acaba de
colocar nas prateleiras o livro "O
Sorriso de Nicolau - História de
Maquiavel", de Maurizio Viroli.
Coincidências do destino, o
grande inspirador desse trabalho
ganha em um mês sua primeira
versão brasileira. A editora Musa, que já publicara "A História
de Florença", de Maquiavel, lança em dezembro o clássico "Biografia de Nicolau Maquiavel"
(1954), de Roberto Ridolfi.
Humano, demasiadamente
humano, é como aparece o autor
de "O Príncipe" nesse par de biografias. "Existem centenas e centenas de livros debatendo exclusivamente suas idéias, mas quase
nada sobre sua vida. Não escrevo
sobre Maquiavel, mas sobre Nicolau", diz Viroli à Folha.
Professor da Universidade de
Princeton (EUA), estudioso há
20 anos de seu conterrâneo Machia (como os amigos chamavam o pensador), o cientista político decidiu ocupar um vácuo
que não encontrou nos 400 anos
de reflexão sobre o personagem.
"A grandeza de Maquiavel é
sua filosofia de vida, mais do que
seu pensamento político", diz,
não sem polêmica, Viroli -já
presente nas livrarias brasileiras
com "Diálogo em Torno da República" (Campus, 2002), em
parceria com Norberto Bobbio.
"Escrevi estas páginas para
compreender o significado do
sorriso que emerge de suas cartas, suas obras e de alguns retratos seus, pois acredito que esse
sorriso encerra uma grande sabedoria de vida, ainda mais profunda do que o seu pensamento
político", crava o autor em "O
Sorriso de Nicolau".
Nesse retrato de como lidou o
pensador com "ingratidão, pobreza, velhice, solidão e desespero", há farto espaço ainda para o
Maquiavel alcoviteiro.
"Ele era um mulherengo notável", salienta Viroli. "É importante entender que ele não caía
de amor apenas pelas mulheres,
ele se apaixonava pelas idéias e
isso é uma chave importante para entender suas teorias."
Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Despido, florentino continua maquiavélico Índice
|