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Morre o poeta Ronaldo Azeredo, 69
Autor de "Velocidade", ele era considerado o "mais autêntico" da poesia concreta por Décio Pignatari
DA REPORTAGEM LOCAL
Ronaldo Azeredo publicou
apenas 29 trabalhos, ao longo
de 50 anos, mas era considerado por Décio Pignatari o "mais
autêntico da poesia concreta".
Azeredo morreu ontem, aos 69
anos, por volta das 6h30, no
hospital Professor Edmundo
Vasconcelos, em São Paulo, de
complicações de uma insuficiência renal. O corpo será cremado hoje, às 10h, no cemitério
da Vila Alpina.
Augusto de Campos lamentou a morte de Azeredo, "mais
um companheiro de viagem
que se vai", como José Lino
Grünewald, que também morreu antes de completar 70 anos.
Campos lembrou que seu poema "Velocidade" "corre o mundo" em antologias e exposições.
"O destino fez com que não
pudesse ver pessoalmente a
atual mostra do Museu de Arte
Moderna, na qual aparecem
com destaque os seus poemas
que integraram a Exposição
Nacional de Arte Concreta, há
50 anos. Não lhe foi possível
também ver o livro, ainda em
preparo, que reúne as suas
obras. É uma pena."
Campos ressaltou ainda que
o poeta tinha uma intuição rara
e seletiva. "Suas intervenções
artísticas tinham uma diretidade e uma veracidade incomuns.
Radical, arriscava tudo nos biogramas deslivrescos de suas últimas propostas visuais."
Azeredo nasceu em 1937, no
Rio. Publicou seu primeiro
poema, "Rato", em 1954, no n�
3 da revista "Noigandres", e
mudou-se em 1957 a São Paulo.
Participou das mostras de 56 e
57, antes de lançar três marcos
do movimento: "Ruasol", "Lesteoeste" e "Velocidade".
Avesso a entrevistas, concedeu apenas uma em toda a vida,
à revista "Trópico", no ano passado, quando falou, entre outras coisas, de como se distinguia de Haroldo e Augusto de
Campos, e de Pignatari. "Evidentemente, os grandes intelectuais do grupo eram os três,
não era eu. Eu era mais o fazedor, não era o teórico ou formulador de grandes teorias."
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