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CINEMA/ESTRÉIA
"AVASSALADORAS"
Comédia retrata "sensação" da diretora
Cineasta filma temor da solidão
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é descortesia dizer que a cineasta Mara Mourão estreou no
cinema com uma "neochanchada" ("Alô?!", 98). É dela o rótulo.
É dela também a avaliação de
que, entre o seu primeiro e o segundo longa -"Avassaladoras",
que chega hoje às telas de cem salas brasileiras-, há uma mudança de estilo. "Abaixei o tom", afirma a cineasta.
Mourão diz que procura adotar,
em cada filme que realiza, uma
linguagem cinematográfica condizente com o roteiro a ser desenvolvido. No caso de "Avassaladoras", buscou o "naturalismo" para contar uma história que lhe
pertence.
"Queria falar de uma sensação
que eu e várias amigas vivemos
-o desespero que bate quando
você chega a uma certa idade, está
com medo de ficar sozinha e acha
que a possibilidade de encontrar
alguém é muito pequena."
Quem vive a desesperada protagonista (Laura, 34) é a atriz Giovanna Antonelli. Depois de ver
um relacionamento de sete anos
terminar em outro envolvimento
(dele), Laura passa 12 meses tentando engatar um novo namoro,
mas não alcança sequer uma hipótese, ainda que conviva, no ambiente de trabalho, com o mais
garanhão entre os homens, um
certo Thiago interpretado por
Reynaldo Gianecchini.
A cineasta acha que a beleza de
Antonelli não compromete a verossimilhança da história -"Conheço várias mulheres bonitas
que são assim"- e defende espontaneamente a atuação de Gianecchini. "Ele teve mesmo que
compor um personagem para parecer arrogante na tela e sem o
olhar sincero e o sorriso delicioso
que realmente tem."
A "moral da história" que se depreende de "Avassaladoras"
-um bom casamento é o ideal de
felicidade de toda mulher- é vista assim pela cineasta: "Feminismos à parte, a realidade é esta: as
mulheres querem encontrar alguém. O filme passa a idéia de que
não seja alguém a qualquer preço.
No fundo, acho que é até muito a
favor das conquistas das mulheres. A maior conquista que uma
mulher pode ter é se transformar
em avassaladora".
O roteiro do longa (de Mara
Mourão, Tony Góes e Melanie Dimantas) foi premiado pelo programa de incentivo a filmes de
baixo orçamento (até R$ 1 milhão) do Ministério da Cultura e é
a aposta da Fox como o filme de
verão brasileiro.
"Meu grande objetivo é levar
para o cinema gente que não está
acostumada a ver filme nacional,
que ainda tem algum tipo de preconceito", diz a cineasta.
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