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LUÍS NASSIF
A defesa de Armínio
Na coluna "Terceirização do BC", fui injusto
com o ex-presidente da instituição Armínio Fraga, ao incluí-lo na relação de dirigentes
que se tornam lenientes com o
mercado para preservar relações profissionais futuras com
ele. Armínio nem foi leniente
nem voltou para trabalhar no
mercado. Pretende ser administrador de fundos de terceiros.
No governo, pegou um rabo
de foguete, administrar as loucuras cometidas no período
Gustavo Franco. Especialmente no ano passado foram cometidos erros. Mas havia um quadro de franco desespero, defende-se Armínio. De maio a outubro o crédito sumiu.
Não havia como enfrentar a
avalanche que se seguiu, diz
ele, a não ser postergar ao máximo, com aumento de juros e
de compulsório, para permitir
ao novo governo mostrar serviço. Sem câmbio flutuante e sem
disciplina não se teria saído da
crise, diz ele.
Compara o segundo mandato FHC (crescimento acumulado de 8% no PIB) com o que
ocorreu na Argentina (-20%) e
na Venezuela (-10%), países
que enfrentaram crises cambiais, e com o Chile e o México
(+10%), que passaram incólumes, para defender sua política.
Antes da crise da sucessão, o
"spread" bancário caiu de 70%
em 1998 para 35%, os juros
reais, de 20% para 10%. Como
acabou com o cupom cambial
-existente no período Gustavo Franco-, reduziu substancialmente a entrada de capital
especulativo.
Armínio tomou série de medidas que contrariaram interesses do sistema financeiro.
Uma delas foi o envio de projeto complementar para que o
processo de formação das taxas
de juros e de cartelização saísse
do BC e fosse para o Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica). Outra foi
defender a tese de que os bancos estavam sujeitos às leis de
defesa do consumidor.
Em sua gestão, o BC deu
transparência ao "spread" e
aperfeiçoou de forma expressiva a fiscalização bancária
-por meio do trabalho exemplar de Tereza Grossi. Metade
da diretoria era de mercado,
metade de carreira.
Ele sustenta que o problema
da diretoria do BC não é a entrada, mas a saída -onde os
diretores vão trabalhar. Se for
em instituição financeira, Armínio defende um prolongamento da quarentena.
Metas inflacionárias
Armínio defende o modelo de
"metas inflacionárias" adotado pelo BC. Sustenta que a autoridade deve usar muito mais
informações do que as estatísticas e o modelo em si e consultar
permanentemente os setores
produtivos, para sentir a pulsação da atividade econômica.
Admite que há o risco de dogmatizar o modelo. E acha que
o BC deve ficar atento à possibilidade levantada pela coluna
de que o modelo provoque um
"efeito manada" no mercado,
na hora de captar as expectativas do mercado.
Recusa-se a analisar a gestão
atual do BC. Mas defende que
a preocupação do BC não pode
ser exclusivamente com a meta
da inflação, mas também com
o nível de atividade. Lembra
que, em seminário recente nos
EUA, foi elogiado pelo fato de,
no ano passado, ter subido os
juros menos do que a ortodoxia recomendava, para impedir uma queda brutal na atividade econômica. E, sem querer
opinar sobre o nível ideal de
câmbio, sustenta que é papel
do BC impedir a volatilidade
do câmbio.
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