|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BALANÇO
Planalto comemora cinco anos e atribui aspectos negativos, como o crescimento da dívida, às crises externas
Livro defende resultados do Plano Real
da Sucursal de Brasília
A Presidência concluiu um livro
comemorativo dos cinco anos do
Plano Real, lançado em 1� de julho
de 1994. No livro são celebradas as
"realizações econômicas e conquistas sociais" do período -enquanto boa parte das sequelas como desemprego e déficit público é
atribuída ao efeito das crises externas.
O livro "5 Anos do Real - Estabilidade e Crescimento" tem texto de
apresentação assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo o qual antes do plano
"havia recessão, inflação e concentração de renda".
"A partir dele tivemos estabilização, crescimento e distribuição de
renda", completa Fernando Henrique. Quanto ao último benefício
apregoado, o livro não traz dados
que o sustentem.
Aponta-se que cresceram o rendimento médio dos trabalhadores
e o poder de compra do salário mínimo, o que não é suficiente para
demonstrar que cresceu a participação dos mais pobres na renda
nacional.
FHC diz que o país teve que enfrentar um cenário externo adverso a partir do lançamento da nova
moeda, com crises no México (94/
95), na Ásia (97) e na Rússia (98).
"Essas crises tiveram como sequelas mais visíveis o aumento das
taxas de desemprego e a elevação
do déficit fiscal."
É verdade que o país foi obrigado
a elevar as taxas de juro -e com
eles o desemprego e o déficit público- durante essas crises, mas isso
só aconteceu porque a política de
controle da inflação tornou o país
muito dependente de capital externo.
Para FHC, o Brasil mostrou melhor capacidade de recuperação
diante de choques externos do que
outros países, numa referência aos
índices de inflação e recessão registrados nas economias subdesenvolvidas que desvalorizaram
recentemente suas moedas.
O país, de fato, teve inflação menor que a do México, recessão menor que a da Ásia e não foi obrigado a decretar moratória da dívida,
como a Rússia.
A dívida pública, porém, deu um
salto com a alta do dólar, passando
de R$ 389 bilhões, no final de 98, a
R$ 468 bilhões em abril último
-um crescimento de quase R$ 80
bilhões em apenas quatro meses.
Preço e emprego
Há quatro anos, no primeiro aniversário do Plano Real, FHC foi até
a padaria Júnior Pães e Complementos, no Gama (cidade-satélite
de Brasília), mostrar a estabilidade
dos preços conquistada.
Ontem, parte da bancada do PT
no Congresso visitou a mesma padaria e constatou que o pão francês
continua com o mesmo preço do
início do real: R$ 0,08.
Mas o dono da padaria, Pacífico
Peres, afirmou que teve de demitir
quatro funcionários por causa da
queda nas vendas.
Segundo o comerciante, o primeiro semestre deste ano foi o período "mais apertado" do Real.
Texto Anterior: Decisão da Cofins sobre combustível sairá hoje Próximo Texto: Cesta básica encarece 14% desde julho de 94 Índice
|