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Militantes antiaborto pressionam deputados
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
Cerca de 50 religiosos e militantes da campanha contra o aborto
ocuparam ontem o principal corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados em apoio ao
projeto para derrubar norma técnica do Ministério da Saúde sobre
interrupção da gravidez.
Os manifestantes exibiam dezenas de cartazes que traziam a foto
de um feto morto no meio do lixo
com os dizeres: "Mais uma criança vítima do aborto".
Nas faixas, o grupo dizia que
"Abortar é assassinar um ser indefeso" e que "A vida começa
com a concepção, deixai vir a mim
as criancinhas". Os manifestantes
chegaram à Câmara por volta das
15h. Durante três horas seguidas,
repetiram uma reza: "Imaculado
coração de Maria, livrai-nos da
maldição do aborto".
Eles só deixaram o corredor por
volta das 18h15, quando ficou claro que o projeto do deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE) não
seria votado ontem.
Partidos da base governista obstruíram todas as votações de ontem para poder discutir medida
provisória que trata de isenção
previdenciária de entidades filantrópicas.
Revogação
Cavalcanti quer revogar norma
técnica baixada em novembro pelo ministério. A norma orienta
hospitais que queiram implantar
um programa para atendimento
de mulheres que sofreram violência sexual e mostra como pode ser
realizado o aborto em casos de
gravidez resultante de estupro.
"Ao orientar, o ministério está
fazendo uma incitação ao crime e
querendo impor algo para fugir do
campo de batalha da votação de
uma lei nesse sentido aqui no
Congresso", disse o padre Luiz
Carlos Lodi, do grupo Pró-Vida de
Anápolis (GO), que levou o grupo.
"O ministério fez seu papel, que
é normatizar a assistência. A norma não obriga nenhum hospital a
adotá-la, apenas oferece subsídios
a Estados e municípios. Não estamos legislando, mas normatizando o atendimento de um problema de saúde pública", afirmou
Tânia Lago, coordenadora da área
de Saúde da Mulher do ministério.
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