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POLÍCIA SEM CONTROLE
Mariz de Oliveira, Fleury e Odyr Porto dizem que sofreram pressões e que corporação é ``difícil''
PM é `incomandável', dizem ex-secretários
MARCOS PIVETTA
da Reportagem Local
Ex-secretários
da Segurança
Pública de São
Paulo afirmam
que sempre tiveram dificuldades em comandar a PM e
que a corporação é incontrolável.
Entre os entrevistados pela Folha estão Odyr Porto, Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira e o próprio ex-governador Fleury, secretário da Segurança no governo
Quércia.
Todos civis, eles contaram as limitações que enfrentaram quando
tiveram a PM sob seu comando.
O advogado Antônio Cláudio
Mariz de Oliveira, que ocupou o
cargo de março de 90 a março de
91, diz que ``era impossível controlar de verdade as ações da PM''.
``A PM é uma instituição `incomandável' e impermeável'', disse.
``O governador e o secretário não
comandam a instituição. Não é
um problema do Covas ou do José
Afonso. Foi assim comigo. Foi assim antes ou depois de mim e será
assim se as coisas não mudarem.''
Para ele, a PM tem um ``espírito
de casta'', organizado e voltado
para si mesma. ``É um `Estado'
dentro do Estado'', declarou.
O ex-desembargador Odyr Porto
(secretário de janeiro a outubro de
94, ``pedia exoneração todo mês''.
Ele considera o posto na Segurança Pública é o mais ``angustiante'' do país.
``Talvez só seja comparável ao
cargo de secretário da Segurança
no Rio de Janeiro'', disse Porto, 70.
Durante sua permanência no
cargo, ele trocou tanto o comandante-geral da PM quanto o delegado-geral da Polícia Civil.
``O secretário só tem o comando
de fato quando tem o poder de escolher e demitir os chefes da PM e
da Polícia Civil.''
Ele afirmou que o secretário da
Segurança não pode deixar os chefes das polícias se reportarem diretamente ao governador.
``Quando isso acontece, o secretário vira uma rainha da Inglaterra'', afirmou.
O ex-governador e ex-secretário
Luiz Antonio Fleury Filho (governo Quércia, de 87 a 90) também
diz ter enfrentado pressões no cargo quando tomou decisões que
afetavam diretamente as polícias.
``A maior pressão que eu sofri
foi quando aboli o uso do carro
oficial para usos particulares, o
que era então um costume disseminado'', declarou Fleury à Folha.
Ele disse, no entanto, que teve
mais dificuldades -``sofri mais
ameaças''- quando foi promotor
do que quando era secretário.
``Esse assunto é página virada na
minha vida'', disse Pedro Franco
de Campos, recusando-se a falar
sobre seu período e encerrando a
entrevista. Ele ocupava a secretaria e determinou a invasão do Carandiru em 92, quando 111 presos
foram assassinados por PMs.
Murro na mesa
Porto não concorda com a afirmação de oponentes de que José
Afonso da Silva é fraco com a PM.
``Também me pediram para dar
murro na mesa, mas não é assim
que se lida com a PM'', disse.
O ex-desembargador, no entanto, admite que é necessário ser
``enérgico'' com os policiais.
Para Mariz, que também evita
criticar Afonso da Silva, o secretário da Segurança tem de ser um
``irradiador, que precisa ir atrás,
cobrar resultados e ter um plano
bem definido''.
Ambos defenderam a unificação
das polícias Civil e Militar como
forma de ``mudar a mentalidade''
e ``a a ação da corporação''.
Eles disseram que a PM tem de
abandonar a mentalidade de que
seus membros estão numa guerra
urbana.
Colaborou Ricardo Feltrin,
da Reportagem Local
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