São Paulo, segunda, 4 de janeiro de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice INDÚSTRIA DO TABACO Em Santa Cruz do Sul, que deverá processar 83% da safra deste ano, o uso do cigarro é estimulado Cidade gaúcha é capital do fumo no Brasil
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
Em tempos de restrição ao cigarro, uma cidade gaúcha, cuja
economia depende do comércio
do fumo, se apresenta como o paraíso para quem tem no tabagismo
uma fonte de prazer.
É Santa Cruz do Sul, que se orgulha de ser sede do "maior complexo de processamento de fumo do
mundo", uma referência à unidade da Souza Cruz inaugurada em
1997. No município, também funciona uma fábrica da Philip Morris.
Na cidade, principal pólo industrial da região do Vale do Rio Pardo, distante 155 quilômetros de
Porto Alegre, é difícil encontrar
avisos condenando o fumo. Ao
contrário, é comum deparar com
inscrições e situações que estimulem o consumo de cigarros.
Em cima da mesa do gerente de
produção da Philip Morris, Leôncio Lacerda, há, por exemplo, uma
plaquinha com a inscrição "thank
you for smoking" ("obrigado por
fumar", em inglês). Ao lado dela,
há um recipiente cheio de cigarros
para oferecer aos visitantes.
Na Souza Cruz, cada funcionário
Äsão 200 fixos e mais de 2.000 durante a safra, de fevereiro a agostoÄ ganha uma carteira de cigarros por dia, ao ir para casa.
Os executivos da empresa, por
sua vez, têm direito a três pacotes
de cigarros por mês.
Tanto na Philip Morris quanto
na Souza Cruz, ninguém é obrigado a fumar, apesar das ofertas convidativas. As empresas do setor fumageiro costumam dizer que o ato
de fumar deve ser "consciente".
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