COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Escolhido o canto para acomodar os livros, o segundo passo é cercá-lo de cuidados para que a coleção tenha vida longa.
A primeira dica de bibliófilos e de biblioteconomistas é fugir da estante de madeira, que pode atrair fungos e insetos que danificarão as obras. Para profissionais, o ideal é armazenar os volumes em móveis de aço ou de alumínio.
"A madeira absorve umidade e é um prato cheio para fungos e cupins se desenvolverem", explica a biblioteconomista Mariza Cardoso, gerente da Redata.
A escritora e tradutora Tatiana Belinky, 86, que o diga. "Fui tirar um livro e, quando vi, fiquei só com a capa dele na mão. Chorei durante uma semana", lembra Belinky, que, por causa de cupins nas prateleiras de madeira, perdeu cerca de mil tomos, a maioria enciclopédias que não eram manuseadas com freqüência.
Quem tem prateleiras de madeira deve aplicar verniz, selante ou "stain" (protetor do material).
Evitar a umidade é fundamental. Se a parede do ambiente for a mesma da cozinha ou do banheiro, a sugestão é afastar prateleiras e estantes em 5 cm. "Assim, o ar circulará livremente por trás das prateleiras e evitará umidade", afirma o arquiteto Eurico Ugaya.

Arejando livros
Uma das práticas diárias do pesquisador Gonçalo Júnior, 38, é manter o ambiente que abriga os livros fechado durante o dia e abrir as janelas à noite por algumas horas, para arejar o acervo.
"Estou sempre de olho nos meus livros", declara o pesquisador, que contabiliza 8.000 obras e se mudou de um apartamento de 75 m2 para outro de 120 m2 para poder acomodar sua biblioteca.
A iluminação também pede cuidados. Luz solar não deve incidir diretamente sobre os livros e deve-se escolher bem a iluminação artificial. O ideal é usar luz fria. "Temperatura excessiva prejudica as fibras de celulose do papel, fazendo com que percam elasticidade e resistência", diz Cardoso.
Quem tem muitos livros costuma ter dificuldade de organizá-los para encontrá-los facilmente. "O mais importante é catalogar os volumes e identificá-los, divididos por assuntos. Assim, mesmo que colocados em um lugar diferente, poderão ser identificados", opina o bibliófilo José Mindlin, 91, que tem 30 mil livros. Outra sugestão do maior bibliófilo brasileiro é dividir as estantes por letras e numerar os livros.
Mindlin também lembra que é preciso ter cuidado ao manejar um livro, que deve ser retirado de uma estante pela lombada, para não danificar sua estrutura.
Além desse, outros cuidados para não danificar os exemplares (especialmente os mais valiosos) são fazer limpeza com flanela macia e checá-los periodicamente para ver se não há traças ou cupins. (MB)


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