São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2000

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ENTENDA O CASO

O massacre de Eldorado do Carajás

O assassinato dos sem-terra ocorreu no dia 17 de abril de 1996, em Eldorado do Carajás (PA), durante confronto entre cerca de 150 policiais militares e 3.500 sem-terra. Dezenove pessoas foram mortas e 63 ficaram feridas.
O grupo de sem-terra saiu de Curionópolis e se dirigia à Marabá para reivindicar a desapropriação da fazenda Macaxeira. Às 12h, bloqueou a rodovia PA-150, principal ligação de Belém com o sul do Pará. Duas horas depois, o coronel do Batalhão da Polícia Militar de Marabá, Mário Colares Pantoja, ordenou que 85 PMs fossem ao local para desbloquear a rodovia. Outros 68 policiais saíram de Parauapebas, município vizinho, para se unir ao grupo.
Os sem-terra, empunhando foices e pedaços de madeira, passaram a tarde cantando hinos de protesto no meio da pista. Eles se dividiram em dois grupos, que ficavam a 300 metros de distância um do outro. O primeiro destacamento da PM a chegar foi o proveniente de Parauapebas. Os soldados de Marabá chegaram mais tarde.
Por volta de 17h10, os policiais de Marabá se aproximaram dos manifestantes. Portando escudos e cassetetes, cerca de 15 soldados colocaram-se à frente, organizando uma espécie de "proteção" para os que se posicionavam armados atrás. Os PMs começaram a jogar bombas de gás lacrimogêneo e a fazer disparos para o alto e, em seguida, na direção dos manifestantes. Depois dos primeiros tiros, o grupo dos soldados de Parauapebas também atacou. Os sem-terra se espalharam, tentando fugir. Muitos foram pisoteados e espancados. Os que não conseguiram se esconder na mata foram atingidos pelos tiros.
Quando não havia mais manifestantes na rodovia, os policiais se retiraram. Saldo do confronto: 19 mortos e 63 feridos. O líder dos sem-terra no local, Oziel Alves Pereira, 17, que era quem comandava as negociações com o governo, foi visto em meio ao tumulto sendo algemado e levado para um carro. Mais tarde, Pereira foi encontrado morto, com o crânio esmagado e o rosto parcialmente deformado.


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