|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPRENSA
Governo recua de cancelar visto após receber carta de advogados de repórter
Lula vê retratação em pedido
de Rohter e cancela expulsão
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo voltou atrás da decisão de cancelar o visto do jornalista do "New York Times" Larry
Rohter. O ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, anunciou
ontem que, na próxima segunda-feira, o ministério deve emitir um
despacho para revogar o cancelamento do visto.
O governo considerou como
uma retratação do jornalista um
pedido de reconsideração, com
efeito suspensivo contra a determinação do Ministério da Justiça
de cancelar o visto temporário de
Rother. O "NYT" negou que tenha se retratado ou se desculpado
com o governo pela reportagem
(leia texto à pag. 5).
Bastos relatou que, em conversas com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na tarde de ontem,
aconselhou o presidente a rever
sua posição diante da "retratação
juridicamente consistente" apresentada pelos advogados do jornalista americano ao ministério.
"O presidente deu o caso por
encerrado numa demonstração
de generosidade, que é uma tradição republicana dos presidentes
brasileiros", disse o ministro ontem, em entrevista em São Paulo.
Bastos afirmou também que a
retratação apresentada por Rohter deixou evidente que não houve dolo (intenção) na agressão à
imagem presidencial.
"A respeito do que menciona o
artigo em questão, o referente declara jamais ter tido a intenção de
ofender a honra do Exmo sr. presidente da República", diz trecho
do pedido de reconsideração de
cancelamento do visto apresentado ao Ministério da Justiça.
Para o ministro, a decisão de
Lula de cancelar o visto foi "dura", mas acertada. "O episódio
mostra a capacidade de reação do
governo e mostra que, colocado
diante de um fato que retira a gravidade da coisa, o governo sabe
agir democraticamente."
Bastos declarou ainda que não
foi consultado a respeito do despacho que cancelou o visto de
Rohter e que ainda não dispunha
de todos os detalhes sobre o caso.
Apesar disso, disse: "Não acho
que [a decisão de Lula] tenha sido
um erro. (...) A decisão foi dura,
mas não foi mais dura do que
aquele artigo, se é que aquilo pode
ser chamado de artigo, que foi um
amontoado de preconceito e de
falta de informação". Afirmou,
porém, que a revogação da expulsão de Rohter foi a melhor saída.
O ministro negou que tivesse
ameaçado se demitir em represália à decisão do presidente. "Nem
me passou pela cabeça".
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Bastos articulou acordo com advogados do "NYT" Índice
|