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Crítica/"Lírios d'Água"
Filme de estréia de cineasta francesa tenta parecer mais profundo do que é
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
A necessidade, auto-imposta, de diretores estreantes entrarem no
mundo do cinema carregando o
estandarte da autoria acarreta
com freqüência perda de interesse para o espectador que cai
nesse tipo de armadilha. O jovem cinema francês, como jovens cinemas do mundo afora,
é pródigo nessas tentativas, que
passam tão rápido quanto são
esquecidas.
A da vez se intitula "Lírios
d'Água", estréia da diretora Céline Sciamma, e acompanha o
despertar sexual de três garotas
adolescentes. A proposta é revelar, na perspectiva de Marie,
cujo corpo ainda não configurou as formas femininas, o mecanismo da sedução exercido
pelo contato (visual, tátil) com
duas outras jovens de físicos já
marcadamente erotizados.
Todo passado no universo de
meninas que praticam nado
sincronizado, o filme investe na
observação dos corpos, tentando equilibrar curiosidade e espanto, atração e pudor. Ao contrário, porém, do que alcança, por exemplo, Lucrecia Martel
em "A Menina Santa", o erotismo de Sciamma permanece refém da eloqüência conceitual
vazia de capacidade expressiva.
A trama rala e de conflito indeterminado, composta quase
só de um modo difuso de representar o desejo, acaba acentuando a impressão de um trabalho cujo maior defeito é tentar parecer mais profundo do
que de fato consegue ser.
LÍRIOS D'ÁGUA
Produção: França, 2007
Direção: Céline Sciamma
Com: Pauline Acquart, Louise Blachère, Adele Haenel
Onde: Em cartaz no HSBC Belas Artes; classificação: 14 anos
Avaliação: ruim
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