S�o Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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Guatemala e guerrilheiros assinam a paz

PHIL DAVISON
DO "THE INDEPENDENT"

Uma guerra iniciada no ano em que John F. Kennedy (presidente dos EUA de 1960 a 1963) foi eleito vai finalmente terminar hoje quando o governo da Guatemala e as guerrilhas do pa�s assinarem um acordo de paz.
Nos 36 anos da mais longa guerra da Am�rica Latina, 100 mil pessoas morreram, mais de 40 mil "desapareceram" em deten��es militares e cerca de um milh�o tiveram de sair de suas casas.
Ao menos 11 l�deres de Estados latino-americanos, incluindo possivelmente o presidente de Cuba, Fidel Castro -o grande inspirador da guerrilha guatemalteca-, assistir�o ao presidente da Guatemala, Alvaro Arz�, e a quatro comandantes de grupos guerrilheiros assinarem, no Pal�cio Nacional na Cidade da Guatemala (capital do pa�s), ao chamado Acordo para uma Paz Firme e Duradoura.
Apesar de os grupos guerrilheiros, congregados na Unidade Revolucion�ria Nacional da Guatemala (URNG), estarem ainda armados, dentro de oito semanas eles se unir�o em oito locais determinados para entregar suas armas a monitores internacionais da paz.
Impunidade
A maioria dos guerrilheiros planeja continuar com a URNG quando ela se tornar um movimento pol�tico pac�fico, como previsto no acordo de paz que demorou cinco anos para ser firmado.
Dessa forma, eles v�o estar seguindo os passos de seus vizinhos Sandinistas e da FMLN (Frente Farabundo Mart� de Liberta��o Nacional) na Nicar�gua e em El Salvador, respectivamente.
O �ltimo e mais controvertido acordo foi conclu�do apenas na semana passada quando o Congresso da Guatemala aprovou a Lei Nacional da Reconcilia��o -uma abrangente anistia que vai eximir guerrilheiros, militares e milicianos antiterroristas de acusa��es por massacre, sequestro e tortura.
"Terra queimada"
A lei enfureceu diversos grupos de direitos humanos.
Esses grupos dizem que, enquanto os guerrilheiros eram frequentemente brutais com soldados ou seus colaboradores, foram os militares e os milicianos os grandes respons�veis pela maioria das pr�ticas de tortura, mortes e desaparecimentos.
A lei, por exemplo, vai deixar impunes os oficiais que promoviam a pol�tica da "terra queimada" no in�cio dos anos 80, no �pice da guerra civil.
A pol�tica consistia em atear fogo a aldeias inteiras suspeitas de colaborar com guerrilheiros. Milhares de camponeses foram impelidos para as florestas e para o M�xico. Muitos ainda continuam l�.
Hist�ria
As sementes da guerra foram lan�adas em 1954 quando foi derrubado o ent�o presidente de esquerda do pa�s, Jacobo Arbenz.
O golpe deu in�cio a tr�s d�cadas de governos militares ou controlados por militares.
V�rios grupos guerrilheiros marxistas se formaram desde a derrubada de Arbenz.
Foi depois de a guerrilha se tornar um s�rio fator de desagrega��o no in�cio da d�cada de 80 que o governo lan�ou a pol�tica da "terra queimada".
A campanha oficial foi eficiente. Os guerrilheiros perderam suporte e gradualmente reduziram suas atividades a explodir pontes e torres de eletricidade, assim como extorquir "impostos de guerra" de fazendeiros.
Muitos guatemaltecos temem que alguns guerrilheiros mantenham suas armas acreditando que podem viver melhor por meio de extors�o do que por meio da prometida assist�ncia do Estado.

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