S�o Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994
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Stephan Elliott faz musical com drag queens

GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O filme "Priscilla - A Rainha do Deserto" tem provocado um efeito parecido com o de seus personagens itinerantes �vira fen�meno onde quer que passe.
A turn� promocional do filme, com o diretor Stephan Elliott, 30, esteve nas principais cidades da Europa e Estados Unidos e se estendeu por quase dois meses.
Elliot chega hoje a S�o Paulo para promover "Priscilla", vencedor do pr�mio especial do p�blico no Festival de Cannes. O filme j� est� sendo distribu�do no circuito comercial, mas ainda n�o tem data definida para estrear.
Leia a seguir entrevista exclusiva � Folha.

Folha - Como surgiu a id�ia para o filme "Priscilla"?
Stephan Elliott - Sempre adorei musicais. Depois dos anos 70, Hollywood come�ou a achar esse estilo rid�culo. Um dia eu estava vendo um show de drag queens com n�meros de dublagem e pensei que todo aquele make-up e roupas extravagantes ficariam perfeitos nas telas. "Priscilla" � isso, a minha vis�o de um grande musical classe B.
Folha - Como foram as grava��es?
Elliot - Foi o trabalho mais divertido que eu j� fiz. As pessoas enlouqueceram durante as filmagens, inclusive a equipe t�cnica. Era muito engra�ado ver cinquenta pessoas dan�ando e cantando no meio do deserto da Austr�lia.
Folha - Voc� classifica "Priscilla" como um musical gay?
Elliott - N�o vejo "Priscilla" como um filme gay. � um musical sobre personagens gays. Em geral, acho os filmes gays chatos porque trazem discuss�es pol�ticas que n�o me interessam. Acho que se eu inclu�sse uma cena de dois homens se beijando eu perderia metade da audi�ncia. Por causa disso recebi cr�ticas de comunidades gays que me acusam de n�o encarar o assunto de forma realista.
Folha - Sua id�ia era fazer um filme direcionado � cena club?
Elliott - N�o, a id�ia era fazer um filme sobre a cena club, mas para uma audi�ncia ampla. Gosto de misturar id�ias e p�blicos.
Folha - Como voc� v� a receptividade do filme?
Elliott - Fiquei impressionado com o resultado. � marcante o interesse do p�blico jovem, que n�o viveu a era dos musicais. Para eles, um filme como esse � uma experi�ncia totalmente nova.
Folha - O filme levantou uma discuss�o sobre preconceito.
Elliot - Acho importante que tenha acontecido. Quando fomos gravar a cena em que as drags encontram os abor�genes, tivemos muitas rea��es. O governo tentou nos convencer a n�o fazer a cena, alegando que seria degradante. Para mim, esse tipo de rea��o � preconceituosa. Fico feliz que o filme tenha tido tamb�m a fun��o de colocar esses assuntos em pauta.
Folha - Qual seu envolvimento com moda?
Elliott - Gosto muito de moda, principalmente porque me diverti bastante ao fazer esses figurinos. Adoro cruzar os sexos e misturar tend�ncias. Nos figurinos de "Priscilla", procurei subverter a moda, colocando pe�as exageradas e cafonas junto com vestidos de designers famosos.
Folha - Por que usou m�sicas da era da disco?
Elliott - Eu adoro todas as m�sicas cafonas daquela �poca e achei que seria bom mistur�-las � m�sicas incidentais orquestradas e mais profundas. S�o duas coisas totalmente opostas que funcionam bem juntas.

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