As abelhas são seres fundamentais para a natureza. O papel principal delas é a polinização, que em resumo é tirar o pólen de uma flor e colocar em outra —como se a abelha fosse o uber do pólen. O pólen, por sua vez, é o alimento das abelhas junto do néctar.
Agora, imagine esse esquema todo bem organizado de repente ser destruído por um grande vilão. Pois isso tem acontecido no Brasil, e milhões de abelhas vêm morrendo da noite para o dia em estados.
O nome do vilão é fipronil. Ele é muito mortífero para qualquer inseto. Basta ficar perto do veneno para ele agir no cérebro, provocando excitação em neurônios e músculos. Os bichos acabam morrendo por exaustão.
Ele é um agrotóxico usado em 153 produtos no país. Em alguns desses produtos, seu papel não é tão malvado assim. Por exemplo: nas coleiras antipulgas e carrapatos de pets que nos acompanham dia a dia.
Mas foi por causa do fipronil que no ano passado 100 milhões de abelhas morreram em Mato Grosso, 80 milhões morreram na Bahia, 50 milhões em Santa Catarina e quase 500 milhões no Rio Grande do Sul.
Estas mortes acontecem quando o fipronil é utilizado na plantação de coisas como soja, cana-de-açúcar e feijão.
Coisas como o friponil são chamados de agrotóxicos. Na agricultura, o uso de agrotóxicos é considerado importante por muitos produtores, porque uma grande parte dos insetos são considerados pragas. Eles comem a plantação ou transmitem doenças para as plantas, por isso a necessidade combatê-los.
Mas usar agrotóxicos não é a única maneira de fazer isso. Nas últimas décadas, foram desenvolvidos cultivos alternativos, que reduzem ou eliminam o uso de agrotóxicos.
Na última semana do ano passado, o governo brasileiro deu um importante passo em defesa das colmeias contra o grande vilão exterminador. O uso do fipronil foi restringido pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que é um órgão responsável por cuidar da natureza em todo o território brasileiro. Ele vetou a a aplicação do produto nas folhas e flores das plantas.
Antes disso, já estava proibido pulverizar o agrotóxico lá do alto, com aviões. Agora só permitido usá-lo no solo e nas sementes, mas também isso está sendo estudado.
A decisão do governo tem como objetivo proteger os insetos do bem, que precisam pousar nas plantas para fazer o trabalho de polinização. Se o agrotóxico é aplicado na superfície, borboletas, besouros, mas principalmente abelhas, que fazem a reprodução de muitas plantas, se contaminam e levam o veneno para dentro da colmeia, exterminando todo o grupo.
A polinização feita por insetos como abelhas é vital para a preservação de 73% das plantas com flores, sendo 39% delas alimentos importantes. Sem esse trabalho, o mundo não teria, por exemplo, maracujá, melão, maçãs ou amêndoas.
Grandes produtores tradicionais estão abrigando colmeias em suas fazendas, porque o vai e vem das abelhas no campo ajuda a elevar a produtividade das culturas em até 50% sem que se precise usar mais químicos.
Quem cultiva orgânicos e rejeita agrotóxicos até trata o que seriam pragas como aliados. Para proteger a sua cultura, há produtores que criam alguns insetos capazes de afastar outros que podem prejudicar a plantação, deixando que a própria natureza ajude a proteger a produção.
23 culturas podem utilizar agrotóxico à base de fipronil
- acácia
- acácia negra
- algodão
- amendoim
- araucária
- arroz
- batata
- cana-de-açúcar
- cevada
- duboísia
- eucalipto'
- feijão
- girassol
- milho
- paricá
- pastagem
- pinus
- populus
- seringueira
- soja
- sorgo
- teca
- trigo
TODO MUNDO LÊ JUNTO
Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança
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