Quem puder ficar acordado até tarde na virada do dia 15 para o 16 poderá ver um fenômeno bem legal no céu: um eclipse total da Lua.
Não é um evento particularmente incomum, acontece duas a três vezes por ano, mas esta ocasião em particular será muito boa para observadores na América do Sul, de onde será possível ver o processo do começo ao fim. Não é preciso usar nenhum instrumento, mas binóculos ou lunetas agregam à beleza do evento.
Um eclipse lunar acontece quando a Lua cruza a sombra da Terra, que é iluminada pelo Sol. Como sabemos, nosso planeta, além de rodar em torno de seu próprio eixo (produzindo os dias e as noites), gira ao redor do Sol, concluindo uma volta a cada ano. Em sua viagem por esse carrossel solar, ela leva a Lua junto, um satélite natural que gira em torno da Terra uma vez por mês, aproximadamente.
Nessa dança espacial, quando Sol, Terra e Lua se alinham, nessa ordem, nosso satélite natural passa por trás da sombra terrestre –isso é o eclipse lunar. Ele pode ser parcial, se a sombra só der uma triscada na Lua, ou total, se a superfície lunar chegar a se esconder inteira sob a sombra.
O que veremos na virada do 15 para o 16 é do tipo total. A chamada fase penumbral começa às 22h32 (pelo horário de Brasília), mas não espere notar nada de diferente na Lua a essa hora. Essa é a etapa em que apenas parte da luz solar está sendo bloqueada. É impossível notar um escurecimento sem equipamento especializado.
O espetáculo começa mesmo às 23h27, quando a umbra (a região mais escura da sombra) começa a avançar sobre a Lua (na verdade, é o satélite que está se movendo e entrando na sombra). Vemos então uma mordida escura avançar cada vez mais sobre o disco lunar.
E o eclipse total começa à 0h29, momento em que a Lua estará totalmente sob a sombra. Ainda assim poderemos vê-la –só que com um aspecto avermelhado.
De onde vem essa luminosidade? São os raios solares que cruzam a atmosfera terrestre pelas beiradas do planeta e acabam desviados para lá. Como acontece no horizonte durante o poente, a atmosfera filtra quase todas as cores que vêm do Sol, deixando passar apenas a luz vermelha; daí a cor de tijolo que a Lua ganha durante o eclipse. É luz de pôr do Sol batendo nela.
O ponto de maior acobertamento acontece à 1h11 e a luz solar direta começa a voltar à Lua à 1h53. A fase umbral acaba às 2h55, e a penumbral, às 3h50.
É uma ótima oportunidade para ver um fenômeno que tem guiado a humanidade a entender os movimentos dos astros no céu há muitos milênios. Por sinal, trata-se de um dos eventos que deixam clara a forma redonda da Terra, uma vez que a sombra projetada sobre a Lua tem formato circular.
O leitor mais astuto pode pensar: se os eclipses acontecem quando Sol, Terra e Lua se alinham, e a Lua dá uma volta na Terra uma vez por mês, não deveria haver eclipse todos os meses? Se a órbita da Lua (ao redor da Terra) e a da Terra (ao redor do Sol) estivessem perfeitamente alinhadas, seria esse o caso.
Mas a Lua gira numa rota meio inclinada, comparada ao caminho do nosso planeta em torno do Sol. O que significa que, em vários momentos, quando ela trafega "atrás" da Terra, ela passa "acima" ou "abaixo" da sombra. Nesses casos, temos uma Lua cheia (essa sim ocorre todos os meses).
E quanto aos eclipses solares? O fenômeno é parecido. A diferença é que aí o alinhamento é Sol-Lua-Terra. Nosso satélite passa à frente do astro-rei e bloqueia sua luz, parcial ou totalmente. Da mesma forma, por conta da inclinação, muitas vezes a Lua passa "acima" ou "abaixo" do Sol, e aí temos apenas a chamada Lua nova (em que o astro não fica visível, por ter sua face escura voltada para nós).
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