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22/09/2005
-
09h41
ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo
"M�e, tenho que fugir do furac�o." Eu estava em casa pela manh�, lendo jornal, mais preocupada com a ren�ncia do Severino Cavalcanti do que com o notici�rio internacional, quando o telefone tocou. Era minha filha.
Ol�via Tolentino, 26, mudou-se com o marido, Paulo Fortes, 34, em julho �ltimo para Houston, no Texas. Recebeu com indiferen�a brasileira as primeiras instru��es sobre como prevenir-se da chegada do furac�o Rita. "Compre �gua mineral, bebidas isot�nicas e cooler com pacotes de gel para manter a bebida gelada", dizia uma delas.
No supermercado anteontem, ela percebeu a seriedade do momento e que muita gente havia se antecipado a ela. ""Me dei conta da situa��o quando vi as g�ndolas vazias", disse.
Volunt�ria no atendimento dos refugiados do Katrina, acomodados no est�dio Astrodome, Ol�via via-se sob o risco de ser um deles.
Filha de dois jornalistas, mas formada em administra��o de empresas, casada com um engenheiro, saiu �s ruas e me fazia relatos de rep�rter.
Por telefone, ela informava: as rodovias interestaduais 10 e 45, que d�o acesso � cidade, j� estavam engarrafadas � tarde, quando deixavam o apartamento com destino a San Antonio, a 300 km de dist�ncia, tamb�m no Texas.
Eram 13h10, no hor�rio local. Muitas lojas estavam fechadas, mas os supermercados permaneciam abarrotados de pessoas que corriam para estocar �gua mineral e alimentos n�o perec�veis. ""Estamos traumatizados com o que aconteceu em Nova Orleans. H� uma tens�o no ar, mas, fora isso, nada sugere que um desastre esteja a caminho", relata-me Paulo, aos atropelos.
Grau 5
A televis�o acabara de informar que o furac�o Rita havia atingido o grau 5 de intensidade. Desligam a TV, colocam o aparelho no ch�o, seguindo a orienta��o da administra��o do edif�cio, e saem de casa, levando documentos, roupas e os bens de maior valor sentimental.
Rec�m-casados, deixaram o Rio de Janeiro, contratados por uma multinacional de petr�leo. Ontem � tarde, a empresa liberou os funcion�rios para cuidarem de suas coisas ou deixarem a cidade.
Os moradores come�aram a tomar provid�ncias na ter�a-feira. Minha filha conta que, pouco depois do almo�o, recebeu de colegas de trabalho um roteiro com as medidas que deveria tomar, caso permanecesse na cidade.
A primeira provid�ncia � encher o tanque do carro para o caso de remo��o dos moradores. A medida seguinte � ter em m�os uma receita m�dica para a compra de medicamentos de primeiros socorros.
Uma das conseq��ncias prov�veis do furac�o � o corte de energia el�trica. Como a maioria das casas tem fog�o el�trico, as fam�lias s�o aconselhadas a comprar carv�o e fluido para poderem cozinhar em churrasqueiras.
"Recarregue o celular, tire dinheiro, lave roupas e len��is", prossegue o roteiro. Outro passo � comprar martelo, pregos, fita isolante, ripas de madeira e pl�sticos para preparar a casa. As fitas isolantes s�o usadas para diminuir a chance de que portas e janelas de vidro sejam quebradas pela for�a do vento.
Ainda em rela��o � casa, recomenda o "check-list" antifurac�o, para que as fam�lias limpem os quintais e retirem os m�veis das varandas, para evitar que "saiam voando".
Ao chegar ao apartamento, o casal recebeu novas instru��es, desta vez da administra��o do edif�cio.
Entre as recomenda��es estava: encher a banheira com �gua, para a eventualidade de suspens�o do abastecimento, verificar se h� possibilidade de o bairro alagar, passar fitas nas portas e janelas e buscar prote��o em um c�modo seguro na hora do furac�o.
Nas empresas, os funcion�rios foram instru�dos a proteger equipamentos e documentos importantes. Minha filha conta que a empresa em que trabalha instalou um servi�o de informa��o por telefone, que funcionar� 24 horas por dia, para que os funcion�rios possam receber instru��es. As demais linhas telef�nicas foram desligadas.
Na sa�da, Ol�via buscou seguir uma �ltima recomenda��o: levar consigo seus documentos pessoais e objetos de valor sentimental, porque poderiam nunca mais reav�-los. Ao terminar esse texto, falei novamente com Ol�via por telefone para saber a quantas andava. N�o andava. Estava presa no engarrafamento do acesso � rodovia 45.
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"M�e, tenho de fugir do furac�o", diz brasileira
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da Folha de S.Paulo
"M�e, tenho que fugir do furac�o." Eu estava em casa pela manh�, lendo jornal, mais preocupada com a ren�ncia do Severino Cavalcanti do que com o notici�rio internacional, quando o telefone tocou. Era minha filha.
Ol�via Tolentino, 26, mudou-se com o marido, Paulo Fortes, 34, em julho �ltimo para Houston, no Texas. Recebeu com indiferen�a brasileira as primeiras instru��es sobre como prevenir-se da chegada do furac�o Rita. "Compre �gua mineral, bebidas isot�nicas e cooler com pacotes de gel para manter a bebida gelada", dizia uma delas.
No supermercado anteontem, ela percebeu a seriedade do momento e que muita gente havia se antecipado a ela. ""Me dei conta da situa��o quando vi as g�ndolas vazias", disse.
Volunt�ria no atendimento dos refugiados do Katrina, acomodados no est�dio Astrodome, Ol�via via-se sob o risco de ser um deles.
Filha de dois jornalistas, mas formada em administra��o de empresas, casada com um engenheiro, saiu �s ruas e me fazia relatos de rep�rter.
Por telefone, ela informava: as rodovias interestaduais 10 e 45, que d�o acesso � cidade, j� estavam engarrafadas � tarde, quando deixavam o apartamento com destino a San Antonio, a 300 km de dist�ncia, tamb�m no Texas.
Eram 13h10, no hor�rio local. Muitas lojas estavam fechadas, mas os supermercados permaneciam abarrotados de pessoas que corriam para estocar �gua mineral e alimentos n�o perec�veis. ""Estamos traumatizados com o que aconteceu em Nova Orleans. H� uma tens�o no ar, mas, fora isso, nada sugere que um desastre esteja a caminho", relata-me Paulo, aos atropelos.
Grau 5
A televis�o acabara de informar que o furac�o Rita havia atingido o grau 5 de intensidade. Desligam a TV, colocam o aparelho no ch�o, seguindo a orienta��o da administra��o do edif�cio, e saem de casa, levando documentos, roupas e os bens de maior valor sentimental.
Rec�m-casados, deixaram o Rio de Janeiro, contratados por uma multinacional de petr�leo. Ontem � tarde, a empresa liberou os funcion�rios para cuidarem de suas coisas ou deixarem a cidade.
Os moradores come�aram a tomar provid�ncias na ter�a-feira. Minha filha conta que, pouco depois do almo�o, recebeu de colegas de trabalho um roteiro com as medidas que deveria tomar, caso permanecesse na cidade.
A primeira provid�ncia � encher o tanque do carro para o caso de remo��o dos moradores. A medida seguinte � ter em m�os uma receita m�dica para a compra de medicamentos de primeiros socorros.
Uma das conseq��ncias prov�veis do furac�o � o corte de energia el�trica. Como a maioria das casas tem fog�o el�trico, as fam�lias s�o aconselhadas a comprar carv�o e fluido para poderem cozinhar em churrasqueiras.
"Recarregue o celular, tire dinheiro, lave roupas e len��is", prossegue o roteiro. Outro passo � comprar martelo, pregos, fita isolante, ripas de madeira e pl�sticos para preparar a casa. As fitas isolantes s�o usadas para diminuir a chance de que portas e janelas de vidro sejam quebradas pela for�a do vento.
Ainda em rela��o � casa, recomenda o "check-list" antifurac�o, para que as fam�lias limpem os quintais e retirem os m�veis das varandas, para evitar que "saiam voando".
Ao chegar ao apartamento, o casal recebeu novas instru��es, desta vez da administra��o do edif�cio.
Entre as recomenda��es estava: encher a banheira com �gua, para a eventualidade de suspens�o do abastecimento, verificar se h� possibilidade de o bairro alagar, passar fitas nas portas e janelas e buscar prote��o em um c�modo seguro na hora do furac�o.
Nas empresas, os funcion�rios foram instru�dos a proteger equipamentos e documentos importantes. Minha filha conta que a empresa em que trabalha instalou um servi�o de informa��o por telefone, que funcionar� 24 horas por dia, para que os funcion�rios possam receber instru��es. As demais linhas telef�nicas foram desligadas.
Na sa�da, Ol�via buscou seguir uma �ltima recomenda��o: levar consigo seus documentos pessoais e objetos de valor sentimental, porque poderiam nunca mais reav�-los. Ao terminar esse texto, falei novamente com Ol�via por telefone para saber a quantas andava. N�o andava. Estava presa no engarrafamento do acesso � rodovia 45.
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