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19/10/2006 - 21h56

Humor vence drama em "Pequena Miss Sunshine"

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S�RGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

Um filme modesto pode se tornar grande. A prova � "Pequena Miss Sunshine", que estr�ia nesta sexta-feira. Cotado para disputar o Oscar de melhor roteiro original em 2007, a produ��o de or�amento min�sculo cativa ao abordar temas pesados (adolesc�ncia problem�tica, fracasso profissional, homofobia, suic�dio, desilus�o amorosa e drogas) sem perder o senso de humor. Tudo gra�as a um elenco talentoso e bem dirigido, al�m de di�logos enxutos e precisos.

O longa � um "road movie". Uma fam�lia disfuncional atravessa o deserto, em uma kombi amarela com defeito, para levar a ca�ula at� a Calif�rnia onde ser� disputado um concurso de beleza para crian�as. No caminho, os dramas dos seis personagens se agravam, criando um clima de tens�o e �nimos exaltados. Apesar da "lavagem de roupa suja" sobre quatro rodas, o filme alimenta a esperan�a de que a fam�lia Hoover, bem como a da plat�ia no cinema, tem chance de se entender e ficar unida.

Divulga��o
Kombi de "Pequena Miss Sunshine" imp�e conviv�ncia a uma fam�lia problem�tica
Kombi de "Pequena Miss Sunshine" imp�e conviv�ncia a uma fam�lia problem�tica
Um dos motivos do sucesso de p�blico e cr�tica de "Pequena Miss Sunshine" � a atriz-mirim Abigail Breslin, 10, que despontou no suspense "Sinais" (2002). A garota � um prod�gio. Tomara que supere a maldi��o "Shirley Temple" e vire, quando adulta, atriz com a for�a visual de uma Drew Barrymore e Natalie Portman. O ponto alto de Abigail coincide com o momento mais emocionante do filme, quando a garota Olive, sua personagem, tenta consolar o irm�o revoltado Dwayne (o promissor Paul Dano, 23), f� de Nietzsche, ap�s uma explos�o de raiva dele contra a fam�lia.

Outro motor do filme � o ator Steve Carell, que enverniza sua carreira ap�s protagonizar o sucesso comercial de "O Virgem de 40 Anos" (2005), outra boa com�dia com pretens�o de defender o fim de padr�es impostos de comportamento. Em "Pequena Miss Sunshine", Carell � o professor gay e suicida Frank, especialista na obra de Proust --uma piada para os mais eruditos. N�o h� caricatura na composi��o do personagem, que na trama exerce a fun��o de pacificar a fam�lia.

Para completar a kombi, a m�e Sheryl (Toni Collette) tenta equilibrar a fam�lia, diante do marido Richard (Greg Kinnear), que d� palestras de auto-ajuda e parece encarnar a obsess�o da Am�rica pelo sucesso material e o desprezo por quem n�o se encaixa nesse perfil. Para ele, o mundo se divide em vencedores e perdedores, e s� crian�as magras conseguem o sucesso. O problema � que o seu pai Edwin (ator veterano Alan Arkin), viciado em hero�na, n�o � bem um exemplo de �xito.

Desde "Beleza Americana", vitorioso no Oscar de 1999, passando por "Traffic" (2000) e mais recentemente "Crash" (melhor filme de 2006) e "Transam�rica", explorar as farsas e fragilidades do modelo de fam�lia perfeita --em drama ou com�dia-- deixou de ser um fil�o restrito ao chamado "cinema independente", conceito cada vez mais d�bil diante da esperteza dos grandes est�dios de focar tamb�m seus neg�cios para "filmes de arte", fora do circuito. Na TV, o fen�meno de mostrar a outra Am�rica se repetiu com s�ries como "A Sete Palmos" e "Desperate Housewives".

Mesmo com essa maior busca por roteiros alternativos, fora da f�rmula, "Pequena Miss Sunshine" sofreu tanto quanto seus personagens para chegar �s telas. O roteirista Michael Arndt, estreante em longas, ouviu muito "n�o". Ap�s o burburinho causado no festival de Sundance neste ano, o filme despertou interesse dos executivos da 20th Century Fox. O est�dio gastou uma ninharia estimada em US$ 10 milh�es pelos direitos do filme.

Ou seja, a imagem da fam�lia empurrando a kombi n�o � � toa no filme dirigido pelo casal Jonathan Dayton e Valerie Faris, mais conhecidos por assinar clipes de bandas melanc�licas nos anos 90 como Smashing Pumpkins. Se n�o se agarrase a um fio de otimismo no final da hist�ria, "Pequena Miss Sunshine" seria mais contundente ao mostrar a perversidade dos adultos em castrar a inf�ncia de seus filhos para realizar seus ideais de sucesso, fabricando uma gera��o de crian�as plastificadas e pasteurizadas, tanto na beleza como nas atitudes para enfrentar seus conflitos.

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