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20/04/2006 - 16h42

Livro ataca Opus Dei e desnuda repress�o sexual

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S�RGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

"Mem�rias Sexuais no Opus Dei" (Panda Books, 192 p�gs, R$ 29,90) chegou nesta semana �s livrarias (leia trecho). Escrito pelo professor de matem�tica da USP Antonio Carlos Brolezzi, 41, o livro ataca o grupo cat�lico ultraconservador relatando casos de repress�o sexual e "lavagem cerebral" em um centro do Opus Dei em S�o Paulo, freq�entado por ele durante dez anos (1985-1995).

Reprodu��o
Livro � nova aposta da Panda Books
Livro � nova aposta da Panda Books
O autor adota um tom testemunhal, de desabafo, acerto de contas com o grupo que ganhou fama recentemente devido � elei��o do papa Bento 16 e o best-seller "O C�digo Da Vinci". Ele detalha como funciona o Opus Dei (Obra de Deus, em latim) e d� nomes aos bois, identificando l�deres do grupo em S�o Paulo. O livro tem um potencial explosivo por misturar sexo, religi�o e aliciamento de jovens.

"Acho que os clubinhos do Opus Dei s�o locais muito perigosos para as crian�as e adolescentes", escreve o professor. Em seguida, ele arremata: "Mesmo sem ter presenciado casos expl�citos de pedofilia, acho que � preciso repensar esse esquema todo".

Gays e virgindade

Divulga��o
Professor s� perdeu virgindade aos 30 anos
Professor s� perdeu virgindade aos 30 anos
Sobre a presen�a de gays no Opus Dei, o autor escreve: "� �bvio que existe homossexualismo entre os numer�rios do Opus Dei, mas a gente nunca fica sabendo". Hoje Brolezzi � casado. No livro, ele conta que sua primeira rela��o sexual s� ocorreu aos 30 anos, ap�s vencer os bloqueios atribu�dos � conviv�ncia na organiza��o religiosa.

"Ela se deitou nua e eu parti para cima dela como se fosse capturar um jacar�. Obviamente, n�o capturei nada. Reparei que a camisinha escorregara do meu companheiro [p�nis]. Brochei completamente e entrei em p�nico."

O livro explica alguns termos do Opus Dei. "Numer�rios" s�o membros celibat�rios do grupo e que "mandam na Obra", uma esp�cie de "Cavaleiro Jedi". J� os "supernumer�rios" podem casar e "servem para dar dinheiro para a Obra e gerar filhos que devem freq�entar os clubinhos".

O autor revela crit�rios pouco edificantes usados pelo Opus Dei para ampliar seu rebanho: "A id�ia � perseguir as pessoas, escolhendo os peixes grandes --pessoas da elite financeira e intelectual (...) N�o nos interessavam as mo�as, os cabeludos, os tatuados, os que usavam brincos, os que tinham jeitinho de gay".

Segundo Brolezzi, n�o interessavam � Obra estudantes das �reas de ci�ncias humanas, como letras, hist�ria, jornalismo, filosofia, psicologia e sociologia. "Para o Opus Dei, interessavam, sobretudo, estudantes universit�rios de cursos como Engenharia, Matem�tica, F�sica, Qu�mica, Administra��o de Empresas, Odontologia, Medicina ou Direito".

Macac�o antimasturba��o

Os trechos realmente mais picantes surgem do meio para o final do livro, quando s�o descritos formas de reprimir o prazer sexual. Por exemplo, o "macac�o antimasturba��o" era uma camisa de mangas longas costurada a uma cal�a jeans, que era vestida ao contr�rio, com o z�per voltado para tr�s, a fim de evitar o contato das m�os com o p�nis.

Mesmo condenada pelo grupo ("Desde os primeiros anos, � colocado um v�rus no seu c�rebro que faz voc� se sentir um pervertido sexual"), a masturba��o era inevit�vel e logo teria de ser admitida em confiss�o, segundo o autor: "Lembra-se da fila dos batedores de punheta que se formava na sacristia minutos antes da missa todos os dias? N�o sei se falei que eram todos jovens".

O livro revela tamb�m as pr�ticas asc�ticas do grupo, como o uso de um chicotinho e uma corrente de malha met�lica cheia de pontas. "O jovem entra em um banheiro da parte superior interna do centro, tranca a porta, abaixa as cal�as, curva-se para a frente e come�a a se chicotear com um instrumento constru�do para causar dor, chamado disciplinas."

Igreja nua e Bruna Surfistinha

"Mem�rias Sexuais no Opus Dei" est� longe de revelar algo in�dito. O testemunho do professor � relevante mais por compor um retrato local, paulista, sobre a atua��o da "seita que n�o gosta de ser chamada de seita". O livro tamb�m � mais uma jogada da Panda Books, que segue a receita do seu sucesso anterior ("O Doce Veneno do Escorpi�o"), confiss�es da prostituta Bruna Surfistinha em linguagem nua e crua.

O lan�amento do livro, �s v�speras da estr�ia do filme sobre "O C�digo Da Vinci" em maio, tamb�m refor�a a pol�tica das editoras de "surfar" no marketing espont�neo de Hollywood sobre determinadas tem�ticas.

Em seu livro, o professor da USP define o Opus Dei como "uma seita que se encalacrou na Igreja Cat�lica por meio de politicagem e da obten��o de aprova��es necess�rias dos papas". Talvez, substituindo alguns termos, essa defini��o tamb�m se aplique hoje � pol�tica, ao mercado editorial e � ind�stria do cinema.

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