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13/03/2002 - 04h19

S�rie de TV conta hist�ria de tropa que lutava para ficar unida

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RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

A miniss�rie de televis�o mais cara da hist�ria -10 cap�tulos e US$ 120 milh�es- pode parecer, e vai parecer, algumas vezes, um caos visual para muitos telespectadores. Pois o combate em uma guerra moderna est� longe de lembrar um jogo de xadrez.

"Band of Brothers" descreve a trajet�ria de uma companhia de p�ra-quedistas americanos -uma unidade militar de 140 oficiais e soldados- na maior das guerras da hist�ria humana, que envolveu dezenas de milh�es de homens e mulheres combatentes.

O caos � culpa do grau rigoroso de realismo com que foi feita uma miniss�rie que parece um document�rio.

A Companhia E, do 2� Batalh�o, do 506� Regimento, da 101� Divis�o Aerotransportada, era uma unidade de elite constitu�da de volunt�rios selecionados em um duro "vestibular". Os aceitos tiveram um treinamento rigoroso e longo e foram empregados nas miss�es mais dif�ceis.

O resultado foi a cria��o de um grupo de homens unidos pela camaradagem e pelo objetivo comum -sobreviver � guerra e cumprir sua miss�o de matar o inimigo, e n�o, se poss�vel, morrer pela p�tria.

O general brit�nico Arthur Wellesley (1769-1852), primeiro duque de Wellington, dizia que descrever uma batalha era parecido com descrever um baile. Quem dan�ou com quem, e quando, e com qual m�sica? Quem foi para a varanda com algu�m?

Wellington, com ajuda dos prussianos, derrotou Napole�o Bonaparte em 1815, naquela que deve ser a batalha mais bem descrita da hist�ria, Waterloo -e ainda assim sobram pol�micas sobre ela entre os historiadores militares.

O combate na era napole�nica tinha muito em comum com os bailes da �poca: uma rigidez formal, que facilita a vida dos historiadores.
O combate moderno � ca�tico e intenso, gra�as ao avan�o da tecnologia de matar.

Steven Spielberg criou, no filme "O Resgate do Soldado Ryan", um modelo com a violenta e realista cena do desembarque no Dia D na praia de codinome Omaha em 6 de junho de 1944 (s� faltou o cheiro dos cad�veres e do sangue esguichado).

Spielberg e o ator principal de "Ryan", Tom Hanks, co-produziram a miniss�rie baseada em um dos livros do principal consultor/ historiador do filme, Stephen Ambrose. O realismo daquelas chocantes cenas iniciais permeia toda a s�rie.

Cr�ticos m�opes poder�o achar que essa viol�ncia concentrada � o essencial da s�rie, ou ent�o um suposto ar de "patriotada" americana, o velho e sempre novo clich� dos cr�ticos esquerd�ides p�s-11 de setembro.
Detalhe importante: essa s�rie foi planejada e feita bem antes dos atentados em Nova York e Washington.

Tamb�m conv�m lembrar o �bvio: os americanos estavam empenhados em ajudar a livrar o mundo do nazismo, certamente um tema caro ao judeu Spielberg, por exemplo diretor do importante "Lista de Schindler".

Um dos epis�dios (o nono) tem o sugestivo t�tulo "Por que Lutamos", e nele a Companhia E liberta um campo de concentra��o repleto de judeus subnutridos.

O t�tulo � algo enganoso. A Companhia E, assim como todas as outras unidades americanas e dos outros aliados -incluindo a FEB (For�a Expedicion�ria Brasileira), na It�lia-, lutava n�o necessariamente por motivos nobres.

Todos lutavam pelos seus companheiros. Esse � o sentido do t�tulo da miniss�rie: "Band of Brothers", "Bando de Irm�os". A express�o foi colocada pelo dramaturgo William Shakespeare (1564-1616) na boca do rei Henrique 5� antes de batalhar (e vencer) com os franceses em Agincourt (em 1415).

"Bando de Irm�os" tamb�m era o nome dado aos os capit�es reunidos pelo almirante brit�nico Horatio Nelson (1758-1805), outro que venceu for�as de Napole�o, no caso, navais, em Trafalgar, em 1805.

Ambrose se apropriou da express�o de maneira feliz. Os homens da Companhia E sofreram juntos, saltaram na retaguarda dos ex�rcitos alem�es, estiveram juntos debaixo do bombardeio de artilharia inimiga em v�rios pa�ses, mais notadamente na chamada "Batalha do Bols�o" em torno da cidade de Bastogne.

Isso criou v�nculos indissol�veis. Praticamente todo ano depois da guerra os volunt�rios se re�nem e lembram os momentos de terror passados juntos -e alguns mesmo de humor.

Esta miniss�rie tem o m�rito de recriar, com discretas licen�as po�ticas, o que aconteceu com aquele grupo de combatentes.

A Companhia E teve 150% de seus homens mortos ou feridos. O n�mero fica acima dos 100% pois as baixas eram recompletadas. Feridos faziam de tudo para abreviar sua estadia no hospital e voltar para estar entre seus companheiros -se demorassem para serem curados, poderiam ser enviados para outra unidade. Em vez de lutar entre "irm�os", estariam entre estranhos. E perderiam o motivo para lutar.



BAND OF BROTHERS
Miniss�rie em dez cap�tulos
Onde: Canal HBO
Quando: dia 24/3, �s 21h (ser�o exibidos os dois primeiros cap�tulos); os demais (3 a 10), a cada domingo subsequente.
 

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