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C�pula de Camp David, ontem e hoje

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Fracassa a c�pula de Camp David para a paz entre palestinos e israelenses. Essa foi em geral a t�nica dos discursos divulgados pela imprensa ap�s duas semanas de negocia��es sem acordo.

Estiveram reunidos em Camp David, casa de campo da presid�ncia americana, em julho �ltimo, Ehud Barak, primeiro-ministro de Israel, e Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina (AP), al�m, � claro, do presidente Bill Clinton. O obst�culo maior para o avan�o das negocia��es foi o estatuto de Jerusal�m. Para os israelenses, Jerusal�m � sua capital "eterna e indivis�vel". J� os palestinos n�o abrem m�o da soberania sobre a parte oriental da cidade, que abriga lugares sagrados para judeus, mu�ulmanos e crist�os.

Pela proposta apresentada pelos anfitri�es, Israel manteria sua soberania sobre Jerusal�m e compartilharia com os palestinos o controle sobre os bairros �rabes e outras �reas, incluindo o acesso ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa. Mas os palestinos insistem que qualquer limita��o � soberania sobre a parte oriental de Jerusal�m � inaceit�vel.

Colocado dessa forma, tem-se a impress�o de estar diante de um impasse intranspon�vel. Mas aqueles que conhecem um pouco a hist�ria dessa tumultuada regi�o sabem que a falta de assinatura de um acordo nesse caso n�o significa necessariamente um malogro.

Camp David j� foi palco de um outro momento significativo para o Oriente M�dio. Em 1978, Menagem Begin, premi� israelense, e Anuar Sadat, presidente do Egito, l� estiveram em companhia do presidente Jimmy Carter para selar a paz definitiva entre Israel e Egito. Com esse acordo, o Egito reconquistou o seu dom�nio sobre a Pen�nsula do Sinai.

Primeiro pa�s do Oriente M�dio a reconhecer a exist�ncia de Israel, o Egito pagou com o �nus do isolamento no mundo �rabe e Sadat foi acusado de promover uma "paz em separado".

Camp David de ontem marcou o in�cio do processo de paz entre �rabes e judeus. A c�pula atual teve como principal m�rito abordar um assunto at� ent�o considerado tabu: Jerusal�m. Especula��es � parte, � imperativo encontrar uma f�rmula de soberania compartilhada, aceit�vel para ambos, que n�o fa�a reacender o fervor extremista.

Roberto Candelori � professor de atualidades do col�gio Pueri Domus

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