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Hist�ria - 1969 - Em�lio Garrastazu M�dici

Ame-o ou deixe-o

Reprodu��o
Os guerrilheiros Carlos Marighella e Carlos Lamarca, assassinados no regime militar
V�rios nomes eram cogitados na disputa interna das For�as Armadas na sucess�o do adoecido Costa e Silva.

Entre os oficiais mais jovens, era extremamente popular o general nacionalista Albuquerque Lima, que tinha tamb�m pontes nos meios civis, inclusive no MDB. Mas ele foi afastado da corrida, a pretexto de ser um general de apenas tr�s estrelas. Dentre os das indispens�veis quatro estrelas, o Alto Comando das For�as Armadas escolheu para o general Em�lio Garrastazu M�dici e para seu vice o ministro da Marinha, Augusto Rademaker.

M�dici era ga�cho como Costa e Silva. Descendia de italianos na linha paterna e de bascos, na materna. Na d�cada de 50, fora chefe do Estado-Maior de Costa e Silva, ent�o comandante da 3� Regi�o Militar e seu amigo �ntimo. Como comandante da Academia Militar de Agulhas Negras, apoiou o movimento de 1964 e, ap�s a queda de Jango, foi nomeado adido militar em Washington. Quando Costa e Silva alcan�ou a presid�ncia, foi nomeado chefe do SNI. Apesar dessa carreira, era um nome desconhecido para o grande p�blico.

Nome:
Em�lio Garrastazu M�dici
Natural de:
Rio Grande do Sul
Gest�o:
30.out.1969 a 15.mar.1974
O per�odo de seu governo ficou conhecido como "os anos negros da ditadura", subseq�entes ao AI-5. O tricampeonato mundial de futebol marcou o governo do "milagre econ�mico" de M�dici, cujos �ndices econ�micos come�aram a declinar em 1973 com a crise do petr�leo. A repress�o endureceu, e foi criado o slogan: "Brasil, ame-o ou deixe-o".
M�dici dividiu seu governo em tr�s �reas: militar, econ�mica e pol�tica. O ministro do Ex�rcito, Orlando Geisel, ficou encarregado de administrar a �rea militar. Delfim Netto continuou no Minist�rio da Fazenda. E o terceiro posto ficou nas m�os do chefe da Casa Civil, o professor de direito Leit�o de Abreu. Da� resultou o paradoxo de um comando presidencial dividido, em um dos per�odos mais repressivos, se n�o o mais repressivo, da hist�ria brasileira.

Os direitos fundamentais do cidad�o estavam suspensos. Qualquer um podia ser preso se fosse desejo do governo. Nas escolas, nas f�bricas, na imprensa, nos teatros, a sociedade brasileira sentia a m�o de ferro da ditadura.

O governo gastava milh�es de cruzeiros em propagandas destinada a melhorar sua imagem junto ao povo. Um dos slogans dessa propaganda dizia: "Brasil, ame-o ou deixe-o".

Os meios de comunica��o e as atividades culturais eram vigiados pela pol�cia. Tudo o que desagradava ao governo era severamente censurado. A ditadura n�o admitia cr�ticas, nem ao menos oposi��o pac�fica.

Os grupos armados urbanos, que a princ�pio deram a impress�o de desestabilizar o regime com suas a��es espetaculares, declinaram e praticamente desapareceram. Esse desfecho resultou em primeiro lugar da efic�cia da repress�o � chamada "rede de apoio", constitu�da sobretudo por jovens.

Outra raz�o foi o isolamento dos grupos armados da massa da popula��o, cuja atra��o por suas a��es era m�nima, para n�o dizer nenhuma. A esquerda radical equivocara-se ao pensar em criar no Brasil um novo Vietn�.

Carlos Marighella morreu em novembro de 1969, em uma emboscada policial fruto de informa��es obtidas atrav�s de torturas. A VPR fora reduzida a quase nada no in�cio de 1971. Aconselhado por seus companheiros a fugir do pa�s, Lamarca insistiu em ficar. Ap�s v�rios deslocamentos, embrenhou-se no sert�o da Bahia, onde foi alcan�ado e morto em setembro de 1971.

Restou um foco do guerrilha rural do PC do B no Bico do Papaguaio, regi�o banhada pelo Rio Araguaia, pr�ximo a Marab�, a leste do Par�. Nos anos de 1970 e 71, cerca de 70 pessoas estabeleceram liga��es com os camponeses, ensinando-lhe m�todos de cultivos e cuidados com a sa�de. O Ex�rcito descobriu o foco em 1972, mas n�o se revelou t�o apto na repress�o como na guerrilha urbana. Foi s� em 1975, ap�s transformar a regi�o em zona de seguran�a nacional, que liquidou ou prender o grupo. O fato n�o chegou ao conhecimento do grande p�blico, apenas boatos desencontrados, devido � censura.

O governo M�dici n�o se limitou � repress�o. Distinguiu claramente entre um setor significativo, mas minorit�rio da sociedade, advers�rio do regime, e a massa da popula��o que vivia um dia-a-dia de alguma esperan�a em anos de prosperidade econ�mica. Para a propaganda, o governo contou com o grande avan�o da telecomunica��es, ap�s 1964.

As facilidades de cr�dito pessoal permitiram a expans�o do n�mero de casas com televis�o: em 1960, apenas 9,5% das resid�ncias urbanas tinham aparelho; em 1970, saltou para 40%. Por essa �poca, beneficiada pelo governo, a Rede Globo expandiu-se at� se tornar rede nacional e deter praticamente o controle do setor. A propaganda governamental passou a ter um canal de express�o como nunca existira na hist�ria.

No plano econ�mico, o governo M�dici foi marcado por per�odo de desenvolvimento que a propaganda oficial chamou de "milagre brasileiro". A economia cresceu a altas taxas anuais, tendo como base o aumento da produ��o industrial, o crescimento das exporta��es e a acentuada utiliza��o do empr�stimo do exterior. Em compensa��o, o governo adotou uma r�gida pol�tica de arrocho salarial, diante da qual os trabalhadores e os sindicatos n�o podiam reagir.

A pol�tica de Delfim se destinava a promover o que se chamou de desenvolvimento capitalista associado. Seria engano pensar que essa pol�tica aplicava uma receita liberal, deixando � "m�o invis�vel do mercado" a tarefa de promover o desenvolvimento. Pelo contr�rio, o Estado intervinha em uma extensa �rea, indexando sal�rios, concedendo cr�ditos, isen��es de tributos aos exportadores etc.

Muitos setores da grande ind�stria, presta��o de servi�os e agricultura que gritavam contra os gastos e a intromiss�o do Estado beneficiaram-se largamente da a��o do Estado.

Entretanto o "milagre" durou pouco, pois n�o se baseava nas pr�prias for�as econ�micas, mas numa situa��o favor�vel. Com o aumento do pre�o do petr�leo no mercado internacional, a economia brasileira sofreu grande impacto. Por um lado, a infla��o come�ou a subir. Por outro, a d�vida externa elevou-se de forma crescente e assustadora.

Teve in�cio, ent�o, uma longa e amarga crise econ�mica. O governo militar foi perdendo um de seus principais argumentos para sustentar-se no poder. A ditadura n�o garantia o desenvolvimento, e as oposi��es foram lentamente se reorganizando para exigir a volta da democracia.


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