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Especialistas fazem balan�o do feminismo alem�o 20 anos ap�s Muro
da Deutsche Welle
Oficialmente, as mulheres da antiga Rep�blica Democr�tica Alem� (RDA), a Alemanha comunista, gozavam de igualdade de direitos. Aparentemente, podiam exercer qualquer profiss�o, na f�brica, na agricultura como engenheira, m�dica ou tratorista --a vida profissional era algo indiscut�vel, mesmo para as que tinham filhos. O Estado lhes permitia combinar fam�lia e trabalho. As crian�as frequentavam escola de tempo integral e para os mais novos havia jardins-de-inf�ncia e creches.
Reprodu��o |
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Imagem cedida pela Deutsche Welle mostra alem� trabalhando em uma f�brica de motores instalada na antiga Alemanha comunista |
No decorrer da d�cada de 80, j� antes da queda do Muro, a imagem da camarada emancipada come�ou a apresentar falhas, como constatou a soci�loga Hildegard Maria Nickel em seus estudos. As mulheres estavam cada vez mais descontentes, pois, depois do trabalho, ainda tinham que dar conta de todas as tarefas dom�sticas. Al�m disso, em geral, fun��es pol�ticas e cargos governamentais continuavam fora de seu alcance.
Nesse ponto, a vida feminina na Alemanha Oriental assemelhava � do lado ocidental, onde poucas mulheres participavam do Parlamento. nos anos 1980. Uma legisla��o que garantisse maior justi�a e igualdade, como a exig�ncia de uma quota de participa��o feminina, ainda era incipiente. O lugar da alem� ocidental era ao lado do seu marido. Como mulher, ela devia se dedicar exclusivamente �s crian�as, ao marido e aos afazeres dom�sticos.
Nickel se ocupou de estudos de g�nero na Universidade Humboldt, ainda na antiga Berlim Oriental. Renova��o na RDA? Dizia-se que somente com a ajuda de quotas de participa��o seria poss�vel uma participa��o apropriada em posi��es de lideran�a e compet�ncia.
Nickel conhecia o desgosto de muitas mulheres alem�s orientais de serem honradas somente uma vez ao ano, em 8 de mar�o, Dia Internacional da Mulher. A partir da�, n�o foi poss�vel, no entanto, o desenvolvimento de um movimento pol�tico en�rgico, j� que as mudan�as de 1989-90 ocorreram r�pido demais.
Petra Bl�ss, pol�tica alem� oriental que, ap�s a reunifica��o alem�, chegou a ocupar o cargo de vice-presidente do Bundestag, c�mara baixa do Parlamento alem�o, afirma que, por ocasi�o da queda do Muro, as alem�s orientais tinham claras cr�ticas sobre o que a RDA entendia por igualdade de direitos.
Bl�ss afirma que, de repente, o movimento feminista da Alemanha Oriental se viu na situa��o de ter que defender muito daquilo que anteriormente criticara, tornando-se uma esp�cie de pioneiro na luta pela preserva��o das conquistas sociais da RDA.
Os meses entre 9 de novembro de 1989 e 18 de mar�o de 1990 s�o considerados como o apogeu do movimento feminista independente na RDA. Muitas mulheres tomavam a palavra para expressar suas exig�ncias. Manifestos e cartas abertas foram escritos. Foi nesse per�odo que a atual chefe alem� de governo, Angela Merkel, come�ou a ganhar experi�ncia na pol�tica.
Retrocesso
Ap�s 18 de mar�o de 1990, teve in�cio o retrocesso em termos de igualdade de oportunidades entre mulheres e homens, tanto no leste como no oeste. Carola von Braun, pol�tica liberal que ocupava na �poca o cargo de respons�vel por assuntos da mulher em Berlim Ocidental, afirma que "de repente, de um dia para outro, o movimento feminista ocidental foi decepado --n�o posso expressar a coisa de outra forma".
Segundo ela, a grande quest�o passou a ser se a reunifica��o viria ou n�o. "E se sim, sob que condi��es? Estes eram os temas absolutamente dominantes na �poca. E afirmo que n�o foi somente a pol�tica para a mulher e para a igualdade de direitos que sofreram. A partir de 1989, vivenciamos um retrocesso em todas os grandes setores de reforma. Isso deve ser dito bem claro."
Muitas das mulheres alem�s orientais at� ent�o emancipadas perderam seus postos de trabalho, perdendo tamb�m sua independ�ncia econ�mica. Para elas, a reunifica��o n�o foi uma liberta��o, mas sim um retorno aos antigos padr�es de comportamento.
Outro retrocesso para elas foram as novas regras sobre o aborto contidas no Par�grafo 218 da legisla��o. Na RDA o aborto tinha uma regulamenta��o liberal e era financiado pelo Estado. Na Alemanha reunificada, as mulheres t�m que arcar com os custos e, mesmo assim, se submeter a um complicado processo de aprova��o. Na opini�o de Nickel, isso contribuiu para que muitos --n�o apenas mulheres-- que antes eram politicamente ativos se sentissem frustrados e se retirassem da pol�tica.
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► Uma pessoa extraordin�ria. Parab�ns!
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