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Morte de jornalista Vladimir Herzog completa 25 anos
LEONARDO FUHRMANN da Folha Online Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog, conhecido por Vlado por familiares e amigos, foi ao pr�dio do Doi Codi, na rua Tut�ia, Para�so, zona sudeste de S�o Paulo, para prestar esclarecimentos sobre sua atividade pol�tica. Foi a �ltima vez que foi visto com vida. Ligado ao PCB, o jornalista era na �poca diretor de jornalismo da TV Cultura, estatal paulista. Depois de fechar o jornal noturno da emissora, foi ao pr�dio "dar explica��es". Seu corpo foi apresentado � imprensa pendurado em uma grade pelo pesco�o por um cinto, no dia 25. A grade era mais baixa que a altura do jornalista. Mesmo assim, a vers�o oficial era de suic�dio. O suposto crime cometido pelo poder p�blico gerou indigna��o entre opositores do regime militar, que se repetiu cerca de tr�s meses depois com a morte, em circunst�ncias semelhantes, do oper�rio Manuel Fiel Filho. Na an�lise do rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congrega��o Israelita Paulista, o assassinato de Herzog mudou o pa�s. "Foi o catalisador da abertura pol�tica e da restaura��o da democracia. Esse fato ser� sempre a recorda��o dolorosa de um sombrio per�odo de repress�o, um eco eterno da voz da liberdade, que n�o se cala jamais." Sobel j� era presidente do rabinato na �poca do crime. Ele n�o esteve presente no enterro de Herzog, que aconteceu no dia 27, uma segunda-feira, no cemit�rio Israelita do Butant�, zona sudoeste de S�o Paulo. "Estive ausente porque tinha um compromisso profissional inadi�vel no Rio de Janeiro. O enterro aconteceu rapidamente, em respeito � fam�lia de Vlado, para que o enterro n�o virasse uma manifesta��o pol�tica", conta Sobel, destacando que todo o ritual judaico foi respeitado. Do Rio, o rabino tomou uma decis�o que colaborou para a destrui��o da vers�o oficial: a de n�o enterrar Herzog como um suicida. Segundo a tradi��o israelita, os suicidas s�o enterrados nos cantos dos cemit�rios, uma maneira de recordar do pecado que � retirar a pr�pria vida. "Num contato com o Shevra Kadisha (comit� funer�rio), fiquei sabendo que ao lavarem o corpo (parte do ritual judaico) eles encontraram sinais de tortura. Diante da trag�dia da morte de Herzog e para mostrar que defend�amos os direitos humanos com o mesmo fervor que a Igreja Cat�lica, resolvi que Vlado deveria ser enterrado bem no centro do territ�rio sagrado, com todas as honras de judeu e de brasileiro honrado que ele era", declarou. Na sexta-feira ap�s o crime, Sobel celebrou juntamente com o pastor James Wright e o cardeal arcebispo de S�o Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, um culto ecum�nico para cerca de 8.000 pessoas em mem�ria do jornalista. A Justi�a admitiu a culpa da Uni�o pela morte de Herzog pela primeira vez em 1978. Quase dez anos depois, em 87, foi decidida que haveria uma indeniza��o � fam�lia do jornalista, que s� foi paga no final da atual d�cada, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Herzog virou um s�mbolo da luta pela liberdade e a defesa dos direitos humanos, em especial para outros jornalistas. O seu nome batizou centros acad�micos de v�rias faculdades de jornalismo no pa�s e o principal pr�mio de direitos humanos dado a profissionais da �rea. Apesar de destacar a import�ncia do caso para que a sociedade pressionasse os l�deres do regime militar, exigindo a abertura pol�tica, Sobel acredita que a li��o dada pela morte de Herzog ainda n�o foi absorvida pela sociedade brasileira. "Infelizmente, a redemocratiza��o do pa�s n�o acabou com a tortura de presos. A sociedade precisa se organizar para acabar com esse mal. N�o basta algu�m defender os direitos humanos, � preciso que a solu��o parta da sociedade como um todo", disse. O rabino destaca que boa parte da popula��o s� fica indignada quando a v�tima da tortura � um preso pol�tico. "Uma expressiva parte da popula��o se cala quando a tortura � contra um preso comum, ou pior ainda, aplaude tal viol�ncia. O pior pecado � se calar diante de uma situa��o dessas." Sobel criticou tamb�m os ataques feitos por alguns pol�ticos � defesa dos direitos humanos. "Ser contra os direitos humanos para quem quer que seja � antidemocr�tico, anti�tico e anti-humano." Leia mais: |
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