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21/06/2004
-
22h22
da Folha de S.Paulo
Leonel de Moura Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922 no povoado de Cruzinha, que pertenceu a Passo Fundo (RS) at� 1931, quando passou � jurisdi��o de Carazinho (RS). Seu pai, o lavrador Jos� de Oliveira Brizola, morreu na Revolu��o Federalista de 1923, lutando nas tropas de Joaquim Francisco de Assis Brasil, que combatiam os republicanos de Borges de Medeiros.
Alfabetizado por sua m�e, On�via de Moura Brizola, come�ou na escola prim�ria em 1931, em Passo Fundo. Em 1936, matriculou-se no Instituto Agr�cola de Viam�o, perto de Porto Alegre, formando-se t�cnico rural em 1939. Nessa �poca, trabalhou como graxeiro numa refinaria em Gravata� (RS).
Em 1940, mudou-se para Porto Alegre e obteve emprego no servi�o de parques e jardins da prefeitura. Para continuar seus estudos, matriculou-se no Col�gio J�lio de Castilhos para fazer o curso supletivo. Em 1945, come�ou a cursar engenharia civil na Universidade do Rio Grande do Sul, formando-se em 1949.
PTB
Simpatizante do presidente Get�lio Vargas, Brizola ingressou no PTB em agosto de 1945, integrando o primeiro n�cleo ga�cho do novo partido. Em 19 de janeiro de 1947, ele foi eleito deputado estadual, participando da elabora��o da Constitui��o ga�cha. O PTB, que tinha a maioria na Assembl�ia, aprovou (com o apoio de Brizola) a institui��o do regime parlamentarista no Estado --governado por V�lter Jobim, do PSD--, mas o STF decidiu que essa decis�o era inconstitucional.
Em 1� de mar�o de 1950, Brizola casou-se com Neuza Goulart, irm� do ent�o deputado estadual Jo�o Goulart. O padrinho do casamento foi o pr�prio Get�lio Vargas --que, em 3 de outubro, foi eleito presidente da Rep�blica. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito deputado estadual. Em mar�o de 1951, Brizola tornou-se l�der do PTB na Assembl�ia Legislativa e pouco depois se candidatou a prefeito de Porto Alegre. Perdeu o pleito, em 1� de novembro, por pouco mais de 1% dos votos.
Em 1952, ele foi nomeado secret�rio de Obras do governador Ernesto Dornelles (PTB). Dois anos depois, foi eleito deputado federal pelo PTB em outubro de 1954. Tomou posse na C�mara em 1955, mas ficou pouco tempo na Casa: em outubro de 1955, foi eleito prefeito de Porto Alegre. Sua gest�o foi marcada pela constru��o de escolas prim�rias e melhoria dos transportes coletivos na cidade.
Em outubro de 1958, foi eleito governador ga�cho, com mais de 55% dos votos. Empossado em janeiro de 1959, criou a Caixa Econ�mica Estadual e adquiriu o controle acion�rio do Banco do Rio Grande do Sul. Criou a A�os Finos Piratini e a Companhia Riograndense de Telecomunica��es e pressionou o governo federal a instalar uma refinaria no Estado. Encampou a Companhia Telef�nica Rio-Grandense, uma subsidi�ria da ITT. No setor de educa��o, construiu 5.902 escolas prim�rias, 278 escolas t�cnicas e 131 gin�sios e escolas normais.
Em 1960, apoiou as candidaturas do general Henrique Lott (PSD) � Presid�ncia e de Jo�o Goulart (PTB) para vice. Lott perdeu, mas Goulart foi eleito vice de J�nio Quadros.
Ideologia
A hist�ria do Rio Grande do Sul e do menino pobre se misturam no perfil intelectual de Leonel Brizola.
Al�m da heran�a trabalhista de Get�lio Vargas, Brizola cultuava a tradi��o republicana e laica de J�lio de Castilhos (1860-1903), ex-presidente (o equivalente a governador) do Rio Grande do Sul.
''No ex�lio, ele andava sempre com um manifesto de J�lio de Castilhos no bolso', diz Jo�o Carlos Guaragna, antigo colaborador.
Em 1986, ao receber do economista Roberto Mangabeira Unger alguns livros sobre ci�ncia pol�tica, Brizola foi � estante e voltou com um volume que resumia o ide�rio de Castilhos.
"Vamos fazer uma coisa: eu leio os seus (livros) e voc� l� o meu", disse para Unger, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Os cl�ssicos do pensamento socialista nunca desfrutaram do mesmo prest�gio. Brizola comparava o marxista a algu�m que trabalha com um microsc�pio, que "enxerga a mol�cula de uma folha mas n�o distingue a floresta".
Pensamento
Embora de origem cat�lica, Brizola deixa transparecer outra marca do passado: a influ�ncia do pastor metodista Isidoro Pereira.
Ainda adolescente, Brizola morou na casa de Isidoro durante dois anos. Chegou a fazer prega��es na igreja do pastor.
"As falas do Brizola s�o recheadas de imagens rurais, de inspira��o b�blica. Ele fala atrav�s de par�bolas", comentou certa vez o ent�o vereador Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio e atual senador do PT.
Ante eventuais contesta��es ao dom�nio que exerce no PDT, Brizola costumava utilizar uma de suas imagens favoritas. Dizia que os dissidentes est�o "costeando o alambrado" refer�ncia aos bois que est�o prestes a ultrapassar as divisas de uma fazenda.
Em dez anos, pularam a cerca da fazenda de Brizola, entre outros, todos os quatro �ltimos prefeitos do Rio: Saturnino e Jamil Haddad (ambos foram para o PSB), Marcello Alencar (hoje no PSDB) e C�sar Maia, eleito pelo PMDB e atualmente no PFL.
Se Isidoro significou para Brizola o acesso a um conhecimento mais cultivado, as primeiras letras, diz ele, com orgulho, aprendeu com a pr�pria m�e.
Oniva era a vi�va do maragato Jos� Brizola, morto em 1923 na luta contra os chimangos de Borges de Medeiros, ent�o no poder no Rio Grande havia 20 anos.
Em 1936, Brizola ganha uma passagem da prefeitura de Carazinho e vai estudar em Porto Alegre, onde trabalha como engraxate, trocador de farm�cia e ascensorista.
Ingressa no curso de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul em 1943, mesmo ano em que se filia ao PTB.
Deputado estadual j� em 1947, Brizola conclui o curso s� em 1949. Jamais exerceu a profiss�o. Optou pela pol�tica.
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Leonel de Moura Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922 no povoado de Cruzinha, que pertenceu a Passo Fundo (RS) at� 1931, quando passou � jurisdi��o de Carazinho (RS). Seu pai, o lavrador Jos� de Oliveira Brizola, morreu na Revolu��o Federalista de 1923, lutando nas tropas de Joaquim Francisco de Assis Brasil, que combatiam os republicanos de Borges de Medeiros.
Alfabetizado por sua m�e, On�via de Moura Brizola, come�ou na escola prim�ria em 1931, em Passo Fundo. Em 1936, matriculou-se no Instituto Agr�cola de Viam�o, perto de Porto Alegre, formando-se t�cnico rural em 1939. Nessa �poca, trabalhou como graxeiro numa refinaria em Gravata� (RS).
Em 1940, mudou-se para Porto Alegre e obteve emprego no servi�o de parques e jardins da prefeitura. Para continuar seus estudos, matriculou-se no Col�gio J�lio de Castilhos para fazer o curso supletivo. Em 1945, come�ou a cursar engenharia civil na Universidade do Rio Grande do Sul, formando-se em 1949.
PTB
Simpatizante do presidente Get�lio Vargas, Brizola ingressou no PTB em agosto de 1945, integrando o primeiro n�cleo ga�cho do novo partido. Em 19 de janeiro de 1947, ele foi eleito deputado estadual, participando da elabora��o da Constitui��o ga�cha. O PTB, que tinha a maioria na Assembl�ia, aprovou (com o apoio de Brizola) a institui��o do regime parlamentarista no Estado --governado por V�lter Jobim, do PSD--, mas o STF decidiu que essa decis�o era inconstitucional.
Em 1� de mar�o de 1950, Brizola casou-se com Neuza Goulart, irm� do ent�o deputado estadual Jo�o Goulart. O padrinho do casamento foi o pr�prio Get�lio Vargas --que, em 3 de outubro, foi eleito presidente da Rep�blica. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito deputado estadual. Em mar�o de 1951, Brizola tornou-se l�der do PTB na Assembl�ia Legislativa e pouco depois se candidatou a prefeito de Porto Alegre. Perdeu o pleito, em 1� de novembro, por pouco mais de 1% dos votos.
Em 1952, ele foi nomeado secret�rio de Obras do governador Ernesto Dornelles (PTB). Dois anos depois, foi eleito deputado federal pelo PTB em outubro de 1954. Tomou posse na C�mara em 1955, mas ficou pouco tempo na Casa: em outubro de 1955, foi eleito prefeito de Porto Alegre. Sua gest�o foi marcada pela constru��o de escolas prim�rias e melhoria dos transportes coletivos na cidade.
Em outubro de 1958, foi eleito governador ga�cho, com mais de 55% dos votos. Empossado em janeiro de 1959, criou a Caixa Econ�mica Estadual e adquiriu o controle acion�rio do Banco do Rio Grande do Sul. Criou a A�os Finos Piratini e a Companhia Riograndense de Telecomunica��es e pressionou o governo federal a instalar uma refinaria no Estado. Encampou a Companhia Telef�nica Rio-Grandense, uma subsidi�ria da ITT. No setor de educa��o, construiu 5.902 escolas prim�rias, 278 escolas t�cnicas e 131 gin�sios e escolas normais.
Em 1960, apoiou as candidaturas do general Henrique Lott (PSD) � Presid�ncia e de Jo�o Goulart (PTB) para vice. Lott perdeu, mas Goulart foi eleito vice de J�nio Quadros.
Ideologia
A hist�ria do Rio Grande do Sul e do menino pobre se misturam no perfil intelectual de Leonel Brizola.
Al�m da heran�a trabalhista de Get�lio Vargas, Brizola cultuava a tradi��o republicana e laica de J�lio de Castilhos (1860-1903), ex-presidente (o equivalente a governador) do Rio Grande do Sul.
''No ex�lio, ele andava sempre com um manifesto de J�lio de Castilhos no bolso', diz Jo�o Carlos Guaragna, antigo colaborador.
Em 1986, ao receber do economista Roberto Mangabeira Unger alguns livros sobre ci�ncia pol�tica, Brizola foi � estante e voltou com um volume que resumia o ide�rio de Castilhos.
"Vamos fazer uma coisa: eu leio os seus (livros) e voc� l� o meu", disse para Unger, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Os cl�ssicos do pensamento socialista nunca desfrutaram do mesmo prest�gio. Brizola comparava o marxista a algu�m que trabalha com um microsc�pio, que "enxerga a mol�cula de uma folha mas n�o distingue a floresta".
Pensamento
Embora de origem cat�lica, Brizola deixa transparecer outra marca do passado: a influ�ncia do pastor metodista Isidoro Pereira.
Ainda adolescente, Brizola morou na casa de Isidoro durante dois anos. Chegou a fazer prega��es na igreja do pastor.
"As falas do Brizola s�o recheadas de imagens rurais, de inspira��o b�blica. Ele fala atrav�s de par�bolas", comentou certa vez o ent�o vereador Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio e atual senador do PT.
Ante eventuais contesta��es ao dom�nio que exerce no PDT, Brizola costumava utilizar uma de suas imagens favoritas. Dizia que os dissidentes est�o "costeando o alambrado" refer�ncia aos bois que est�o prestes a ultrapassar as divisas de uma fazenda.
Em dez anos, pularam a cerca da fazenda de Brizola, entre outros, todos os quatro �ltimos prefeitos do Rio: Saturnino e Jamil Haddad (ambos foram para o PSB), Marcello Alencar (hoje no PSDB) e C�sar Maia, eleito pelo PMDB e atualmente no PFL.
Se Isidoro significou para Brizola o acesso a um conhecimento mais cultivado, as primeiras letras, diz ele, com orgulho, aprendeu com a pr�pria m�e.
Oniva era a vi�va do maragato Jos� Brizola, morto em 1923 na luta contra os chimangos de Borges de Medeiros, ent�o no poder no Rio Grande havia 20 anos.
Em 1936, Brizola ganha uma passagem da prefeitura de Carazinho e vai estudar em Porto Alegre, onde trabalha como engraxate, trocador de farm�cia e ascensorista.
Ingressa no curso de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul em 1943, mesmo ano em que se filia ao PTB.
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