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Novo estudo destaca preocupação com estado de conservação da mata atlântica

Lei barrou desmatamento, mas expansão industrial e urbana foram ameaças nas últimas décadas

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Agência Fapesp

Se nos séculos passados vastas áreas da mata atlântica foram derrubadas a fim de extrair pau-brasil, garimpar ouro, ou abrir áreas para pastagem e o cultivo de monoculturas, nas últimas décadas as maiores ameaças tomaram a forma da expansão industrial e urbana, principalmente por meio da criação de loteamentos e condomínios residenciais.

Um estudo abrangente recém-publicado, que contou com a participação de pesquisadores da Unesp, traçou um novo panorama sobre a história recente da dinâmica da vegetação da mata atlântica, trazendo novas perspectivas, análises e implicações para a conservação do bioma.

Rubens Chaves/Folhapress
Moradias em área de mata atlâmntica na região de Parelheiros, na zona sul de São Paulo - Rubens Chaves/Folhapress/Folhapress

O estudo, intitulado The Atlantic Forest of South America: spatiotemporal dynamics of vegetation and implications for conservation (a mata atlântica da América do Sul: dinâmica espaço-temporal da vegetação e implicações para a conservação), foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e teve seus resultados publicados no periódico científico Biological Conservation em março.

O trabalho envolveu colaboradores sediados no Brasil, Nova Zelândia, Noruega, Inglaterra e Argentina e apresentou uma atualização ampliada de um trabalho anterior, publicado em 2009 pelo ecólogo Milton Cezar Ribeiro, autor sênior do novo estudo e docente do Instituto de Biociências (IB), campus de Rio Claro, onde é coordenador do Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação (LEEC).

Mais de 150 milhões de pessoas, ou cerca de 70% da população brasileira, vivem hoje nos limites do domínio da mata atlântica, um vasto território de mais de 1,6 milhão de km, que se estende do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte e do litoral até o interior.

Devido ao alto grau de diversidade do bioma (que abriga pelo menos 18.000 espécies de plantas, 2.600 espécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos, mil espécies de peixes, duas mil espécies de borboletas etc.) e ao acelerado ritmo do desmatamento que ameaçava o ecossistema no início do século 21, foi promulgada em 2006 a chamada Lei da Mata Atlântica, que, dentre outras medidas, impede o desmatamento de vegetação primária, aquela que apresenta um elevado grau de regeneração e capacidade de manter os maiores níveis de biodiversidade e processos ecológicos essenciais para os seres humanos.

A partir de 2005, crescimento

Os possíveis benefícios da legislação para o bioma são um dos resultados do novo estudo, que mostrou que, a partir de 2005, houve uma inflexão positiva em termos de conservação e de incremento de área de vegetação nativa. "Entre 2005 e 2020, a Mata Atlântica ganhou aproximadamente 1 milhão de hectares", diz o ecólogo Maurício Vancine, que é doutorando no Programa de Pós-graduação em Ecologia, Evolução e Biodiversidade da Unesp de Rio Claro.

Ele conta que esse ganho aproximado de 1 milhão de hectares de vegetação envolveu o aumento de fragmentos já existentes (o que correspondeu ao ganho de 540 mil hectares) e a formação de quase 385 mil novos fragmentos de Mata Atlântica com tamanho médio de 1 hectare, o que equivale a mais ou menos um campo de futebol (que responderam por 440 mil hectares).

No entanto, apesar desse ganho de vegetação, a fragmentação se mostra como um elemento dominante na distribuição dos remanescentes de vegetação do bioma: segundo o estudo, 97% dos fragmentos possuem área inferior a 50 hectares. "Estamos ganhando floresta, é fato, mas o aumento, em média, ocorre em pequenos fragmentos", explica Vancine, que é pesquisador do LEEC.

Leia a reportagem completa neste link.

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