O volume de doações feitas por pessoas físicas a causas sociais e ambientais no Brasil chegou a R$ 12,8 bilhões em 2022, segundo a pesquisa Doação Brasil, publicada nesta quinta-feira (24).
O número representa um crescimento de 24,2% em relação ao total de doações estimado em 2020, que foi de R$ 10,3 bilhões.
O estudo foi encomendado pelo Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e realizado pela Ipsos, empresa de pesquisa de mercado.
"Na Pesquisa Doação Brasil nos dedicamos a compreender quem são os doadores, quais suas motivações e qual a percepção que têm sobre as ONGs", diz Paula Fabiani, CEO do Idis.
O Pix foi o meio usado em 39% das doações no período. Na última publicação, esse recurso representava apenas 8% das transações. Dinheiro em espécie e débito em conta, vêm em seguida, representando 33% e 17%, respectivamente.
O número de doadores por arredondamento -aqueles que abrem mão do troco em estabelecimentos comerciais para contribuir com causas socioambientais- também cresceu e chegou a 11% na última pesquisa, contra 1% em 2020.
Na estimativa foram consideradas doações em dinheiro a ONGs, obras sociais, calamidades ou pandemia. O levantamento também inclui campanhas de TV e grupos ou indivíduos que ajudam necessitados, excluindo dízimos e esmolas.
O percentual de brasileiros que fez alguma doação deste tipo em 2022 chegou a 36%, contra 37% em 2020. Na análise por região, o Nordeste é a que possui o maior percentual de doadores: 39%.
Por outro lado, ao considerar também as contribuições não monetárias, a pesquisa mostra que os brasileiros estiveram mais engajados em causas socioambientais no ano passado.
O percentual de adultos com renda acima de 1 salário mínimo que afirmou ter contribuído com essas pautas, seja com dinheiro, bens ou voluntariado, chegou a 84%.
Já em 2020, ano em que a pandemia apresentou uma das fases mais agudas, esse total foi de 66%.
Também houve aumento na mediana de valor doado por pessoa ao longo de um ano, que em 2022 ficou em R$ 300. No último levantamento, realizado em 2020, esse dado foi estimado em R$ 200,00.
Os números revelam ainda que a confiança dos brasileiros em relação ao trabalho das ONGs caiu.
Em 2020, aqueles que afirmaram que essas organizações deixam claro o que fazem com os recursos recebidos representaram 45%. No novo balanço, 31% responderam ter essa percepção.
Além disso, em 2022, 31% disseram acreditar que a maior parte das ONGs é confiável, contra 41% em 2020.
"A pesquisa mostra os efeitos da pandemia e como o terceiro setor é ainda bastante volátil e propenso a acompanhar o contexto social", diz Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS.
Apesar de o Brasil ter aumentado o volume de doações a iniciativas filantrópicas formais, esse total representa apenas 0,13% do PIB.
"Em países como os Estados Unidos, esse percentual chega a ser dez vezes maior. Lá, a cultura de doação é mais enraizada", explica Paula Fabiani.
"Apesar disso, o que temos em comum com eles é que tanto aqui, quanto lá, a doação individual é significativamente maior do que as doações por empresas, demonstrando a importância de fomentarmos e falarmos sobre o assunto"
Segundo ela, a pesquisa mostra que os brasileiros tendem a fazer o país escalar posições neste cenário.
"O Brasil tem potencial para dobrar o volume de doações, mas para isso é necessário investir na melhoria do ambiente regulatório à doação e nas políticas públicas promotoras dessa cultura", completa.
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