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Série E Eu? expõe falhas do jornalismo ao retratar diversidade brasileira
Para a escritora Amara Moira, mídia ainda espetaculariza vidas de pessoas trans
A reação da mídia foi interessante. Fiquei imaginando que fariam leituras aprofundadas do meu livro, que trariam discussões, e a sensação que eu tinha era que as pessoas paravam no título
Para Bianca Santana, mídia ignora dor dos familiares de vítimas da violência policial
O jornal não deveria tratar de uma realidade distante, afinal. Mas não tinha gente preta. Nem parda. Não tinha a cidade onde eu nasci e onde vivia minha família. Não havia notícias da minha antiga vizinhança. Não tinha a minha perspectiva.
Para Eduardo Lyra, imprensa desconhece vida fora dos centros
Um morador da favela também tem uma opinião do que está acontecendo no Congresso —mas quando tem, por exemplo, a reforma da Previdência, a gente vai ouvir sempre o mesmo conjunto de pessoas, que não representa o todo.
Aos 65 anos, Isabel Dias acredita que a imprensa pode derrubar mitos sobre sexo na velhice
O Brasil tem 30 milhões de adultos [com mais de 60 anos]. É 13% da população, é muita gente. Nós precisamos discutir mais isso. Ninguém faz uma pauta sobre modos da mulher gozar depois da menopausa. Ninguém fala. Ainda é assunto proibido.
Para Jackson Augusto, sede por imediatismo da mídia gera visão estereotipada de religiosos
A teologia negra é uma ferramenta política, que nasce para denunciar algo. Preciso falar para outros jovens negros que existem metodologias e pensamentos a partir da fé cristã que nos ajudam a respeitar os direitos humanos, contribuir com a luta antirracista e se posicionar contra o conservadorismo.
Para João Abel, imprensa esportiva deve discutir o que acontece fora de campo
O futebol não está à parte da sociedade, é preciso pensar nele como elemento social e cultural. O esporte também potencializa e reflete a masculinidade tóxica que existe no Brasil.
Para Paulo Lima, conhecido como Galo, comando das redações barra pautas progressistas
Acho que o jornalista quer dar voz para quem precisa ter voz, mas vai ser difícil dentro da estrutura do jornal. Você acha que o William Bonner vai me chamar no Jornal Nacional pra falar mal do iFood? O iFood deu R$ 1 milhão pros caras no comercial.
Para Pai Rodney, imprensa melhorou, mas ainda desliza ao abordar religiões de matriz africana
Os anos 1920 e 1930 foram terríveis para as religiões de matrizes africanas e para a população negra. Como a imprensa se colocou? A imprensa foi conivente? Ela foi justa, foi parcial? É papel da imprensa ser imparcial? A quem a Folha de S.Paulo serviu ao longo desses anos?
Para Stephanie Borges, jornalismo fará um grande favor se parar de mistificar o feminismo
A linguagem jornalística tem preocupação com a objetividade e com a responsabilidade jurídica de não condenar, mas até que ponto isso não reforça a violência? Ao usar construções como "suposto estupro", você coloca a palavra da denunciante em dúvida quando existem agressões óbvias.
Para Tabata Contri, narrativas de superação em reportagens distorcem sua imagem
O que impede a pessoa com deficiência de estar na sociedade não é a deficiência, são as barreiras —arquitetônicas, atitudinais, comunicacionais e muitas outras. Como mulher e cadeirante, mal consigo andar em uma calçada.
Para Talal al-Tinawi, mídia deve diferenciar histórias de sírios, haitianos e venezuelanos
Os jornalistas precisam fazer reportagens mais focadas. Falar de um refugiado sírio é bem diferente de falar de um refugiado venezuelano ou haitiano. Cada refugiado tem uma cultura, uma religião bem diferente. Refúgio não é tudo por causa de guerra.
Para Thiago Karai, mídia não deve normalizar violações do governo aos direitos de povos originários
A imprensa precisa olhar mais a fundo para as irregularidades que o governo comete, mostrar que o presidente falou que não ia demarcar um milímetro de terra indígena quando a Constituição diz o contrário. Isso não é grave?
Para Veronica Oliveira, visão preconcebida dos jornalistas ofusca realidade da profissão
A mídia e a imprensa, no geral, retratam o trabalho doméstico de forma caricata. Sempre tem uma reportagem do tipo “Filho da faxineira se formou em medicina”. Qual é a importância de dizer que é o filho da faxineira?
Para Amara Moira, mídia ainda espetaculariza vidas de pessoas trans
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