O Corinthians apresentou à polícia nesta segunda-feira (15) os equipamentos de espionagem encontrados no Parque São Jorge e no centro de treinamento utilizado pelos jogadores das categorias de base do time. O boletim de ocorrência foi registrado no 52° DP, no Tatuapé.
Reportagem da Folha publicada na quarta-feira (10) revelou que ao menos três câmeras e escutas foram encontrados no andar em que fica a sala da presidência no Parque São Jorge e onde ocorrem reuniões com outros dirigentes e conselheiros do clube.
De acordo com o relatório apresentado pelo clube, a varredura nas instalações do clube foi feita pela empresa KGB. Ao todo, foram encontrados três sensores de movimento com câmeras escondidos no interior de cada um deles. O documento cita que os sensores foram adulterados para a colocação das câmeras.
Também foram achados aparelhos na recepção do quinto andar do prédio administrativo. Além disso, uma câmera ocultada foi encontrada em uma sala de reunião no CT da base. O item de espionagem no espaço destinado aos garotos do clube estava conectado a um gravador do tipo DVR, armazenando o que era gravado pelo aparelho instalado.
Quando questionado pela reportagem sobre a descoberta do esquema de espionagem, o Corinthians confirmou a informação e, em nota curta, disse apenas que "a nova administração do Corinthians lamenta, mas não se surpreende com o ocorrido".
Em um primeiro momento, a gestão do presidente Augusto Melo não pretendia solicitar à polícia uma investigação sobre o caso, temendo que este tipo de assunto pudesse manchar a imagem do clube. O mandatário também temia ser acusado de ser acusado de ele próprio ter plantado os equipamentos para criar uma notícia.
Mas, após a publicação da reportagem, o ex-presidente Duilio Monteiro Alves, antecessor Augusto, fez um BO, o que forçou a nova diretoria a oficializar a denúncia.
O ex-presidente alvinegro disse não acreditar que câmeras e microfones possam ter sido escondidos na sala que ele ocupou no Parque São Jorge de 2021 a 2023. Ele completou, porém, que caso algum equipamento tiver sido achado, o alvo da espionagem era ele.
"Não acredito que algo foi encontrado. Mas se havia algo, certamente o alvo era eu", disse Duilio à Folha.
O ex-dirigente afirmou, ainda, "ignorar totalmente a existência de qualquer tipo de equipamento instalado e escondido" e "repudia veementemente qualquer insinuação de vínculo da minha gestão com coisas desse tipo."
No último ano de seu mandato, o ex-presidente Duilio Monteiro Alves acabou se distanciando do grupo que o ajudou a se eleger.
Parte do grupo divergia sobre uma suposta intenção de Duilio de tentar uma reeleição —algo que é vetado pelo estatuto do Corinthians. Pessoas ouvidas pela reportagem afirmaram não descartar que o próprio ex-presidente tivesse sido monitorado por pessoas de seu grupo político.
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