Beatriz Haddad Maia, 27, tinha na edição 2023 do Aberto da França uma vitória suada, sobre a russa Ekaterina Alexandrova, na qual salvou um "match point". Tinha uma vitória muito suada, na batalha de quase quatro horas com a espanhola Sara Sorribes Tormo.
O que ela não tinha em Roland Garros era uma vitória sobre uma adversária de elite. Agora, tem: eliminou a tunisiana Ons Jabeur, de 28 anos, número sete do mundo, finalista em Wimbledon e no Aberto dos Estados Unidos no ano passado.
Com um triunfo por 2 sets a 1, parciais de 3/6, 7/6 (7/5) e 6/1, em duas horas e 29 minutos, a brasileira se colocou entre as quatro últimas sobreviventes em uma disputa da série Grand Slam, que reúne os quatro maiores torneios do tênis. Nenhuma brasileira havia conseguido isso, na chave de simples, desde que Maria Esther Bueno foi às semifinais no Aberto dos Estados Unidos de 1968.
Incluídos na conta os homens, o jejum datava de 2001, ano em que Gustavo Kuerten conquistou o tricampeonato em Roland Garros. Agora, é a vez de Bia Haddad brilhar na quadra central do complexo parisiense, a Philippe Chatrier, onde estreou nesta quarta-feira (7).
No palco em que Guga castigou Sergi Bruguera, Magnus Norman, Àlex Corretja e muitos outros, Bia apareceu também com uma mentalidade agressiva. Se não vestia uma roupa gritantemente colorida como a de Kuerten no triunfo de 1997, repetia, de branco, de si para si, a autodescrição que adotou: "Eu tenho uma qualidade, que é não desistir".
Foi assim que superou o revés no primeiro set, que teve múltiplas quebras de saque, com as tenistas em dificuldade para manter seus serviços. Jabeur conseguiu a última delas, fazendo 5/3, e em seguida sacou bem para fechar a parcial.
A sequência do jogo teve as adversárias bem mais firmes com a iniciativa dos pontos, sem quebras –Bia salvou dois "break points" no 5/5 e perdeu um "set point" quando Jabeur sacava em 5/6. No "tiebreak", a brasileira foi firme e levou a melhor com uma pancada de esquerda.
A tunisiana já dava sinais de cansaço. Suas bolas curtas foram de recurso surpreendente a muleta para encurtar os pontos. Haddad conseguiu duas quebras e fez 3/0. Levou quebra em seguida, mas logo reagiu. E atropelou rumo ao 6/1.
Beatriz Haddad Maia está entre as quatro últimas sobreviventes de Roland Garros, resultado que quase certamente a colocará no "top 10" do ranking mundial –ela chegou a Paris na 14ª colocação. E, como não ocorre faz 22 anos, vai fazer os brasileiros fãs de tênis acompanharem nervosamente um confronto semifinal de Grand Slam.
O jogo promete ser ainda mais difícil do que os anteriores. Sua adversária será a polonesa Iga Swiatek, número um do mundo, que bateu com alguma facilidade a norte-americana Coco Gauff, sexta do ranking: 2 sets a 0, parciais de 6/4 e 6/2.
Antes de pensar no próximo embate, que deverá ocorrer na quinta-feira (8), a brasileira se permitiu observar, assim que o jogo com Ons Jabeur terminou: "Eu estou na semifinal de Roland Garros". Em seguida, ganhou um terno abraço da derrotada.
"Era uma adversária que eu respeitava. Eu vinha de [uma derrota por] 6/3 e 6/0 para ela. Mas falei: 'Vou entrar para ganhar um set; se tem o terceiro, eu acredito muito'. Só posso dizer que estou feliz. Estou vivendo um sonho. Muito feliz. Não tenho outra palavra", afirmou a paulista.
"Vamos continuar, né? Vamos ver até onde vai."
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