Antes do apito inicial para Senegal x Egito, os holofotes estavam todos sobre os atacantes Sadio Mané e Mohamed Salah, estrelas do melhor Liverpool dos últimos 30 anos. Porém, a penalidade desperdiçada pelo senegalês nos primeiros minutos da final da Copa Africana de Nações, disputada neste domingo (6), parecia dar ao goleiro egípcio Gabaski o roteiro perfeito para que ele se tornasse herói.
Mas Mané teve a chance da redenção. E entrou para a história do futebol da África.
Após empate sem gols no tempo normal, o camisa 10 converteu sua cobrança na disputa por pênaltis, gol que confirmou a vitória de Senegal por 4 a 2 e deu ao país o seu primeiro título continental.
Os senegaleses, liderados por Mané, já haviam batido na trave em 2019, com o vice-campeonato. O jogador, inclusive, foi eleito o melhor futebolista africano daquele ano. Mas faltava a taça, que finalmente chegou com o triunfo em Camarões.
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Conquista que também o coloca, enfim, acima de Salah. Apesar de figuras determinantes para o Liverpool que conquistou uma Champions e uma Premier League sob o comando de Jürgen Klopp, o egípcio sempre ganhou mais reconhecimento do mundo do futebol do que seu companheiro.
No último mês de janeiro, o prêmio The Best, da Fifa, colocou Mohamed Salah entre os três finalistas. Robert Lewandowski foi eleito como melhor jogador do planeta, com Lionel Messi em segundo, mas a nomeação de Salah, que tem uma temporada 2021/2022 melhor até do que a anterior, indica a admiração que seus pares têm por seu talento.
Como disse Klopp antes da decisão da Copa Africana, um dos dois voltará à Inglaterra mais feliz. E esse alguém será Mané, que se apresentará com o reconhecimento por ter levado Senegal à sua primeira conquista no continente.
Se antes da partida a expectativa era pela qualidade dos homens de frente, os verdadeiros protagonistas foram os goleiros.
Logo no início do jogo, o senegalês Ciss invadiu a área pela esquerda e foi derrubado por Abdelmonen. Pênalti. Antes da cobrança de Mané, Salah conversou com o goleiro de sua equipe, muito provavelmente para indicar onde e como o seu colega de Liverpool cobraria.
Difícil saber se a conversa foi determinante ou não, mas Gabaski pulou para o lado direito e defendeu a cobrança do camisa 10 de Senegal, que chutou forte, mas quase no meio do gol.
Gabaski já havia sido fundamental para a classificação nas oitavas de final, contra a Costa do Marfim, defendendo uma penalidade, e diante de Camarões, na semi, quando pegou dois pênaltis dos anfitriões da Copa Africana para colocar sua seleção na decisão.
Destaque improvável, já que o camisa 16 era apenas reserva na equipe egípcia, mas se beneficiou da lesão do titular El Shenawy para ganhar a oportunidade de jogar a competição continental.
Seu colega, o goleiro senegalês Édouard Mendy também foi seguro quando exigido, realizando pelo menos duas defesas importantes para evitar o gol do Egito. Uma delas em chute de Salah.
A exibição do arqueiro do Chelsea não só nesta decisão, mas em toda a Copa Africana, justifica a sua eleição em janeiro, no prêmio The Best, como o melhor camisa 1 do mundo. Mendy superou Gigi Donnarumma, goleiro campeão da Euro com a Itália. Não é pouca coisa.
Foi Gabaski, porém, o grande nome dos 90 minutos. Aos 45 do segundo tempo, fez mais uma boa intervenção em chute cruzado de Dieng. Na sequência, salvou novamente a equipe, e mais uma vez em finalização de Dieng, desta vez de cabeça.
Com o 0 a 0 no placar no tempo regulamentar, a decisão foi para a prorrogação. O que não é incomum em finais do torneio. Das últimas 12 edições, seis terminaram com empate no tempo normal (e cinco delas com empates sem gols).
Tampouco é um roteiro ao qual os egípcios não estão acostumados: só nesta competição, foram quatro prorrogações nas quatro fases de mata-mata.
A manutenção da invencibilidade dos goleiros levou a final para as penalidades. Gabaski, mais uma vez, fez sua parte, defendendo a cobrança de Bouna Sarr. Mas Abdelmonen chutou na trave, e Lasheen parou na defesa de Mendy.
Na quarta batida de Senegal, coube a Sadio Mané a responsabilidade por converter. O camisa 10, que durante toda a disputa caminhou de um lado para o outro com as mãos unidas, como se estivesse orando, correu para a bola e mandou forte, no canto esquerdo.
Gol que levou os senegaleses à glória, e que deixou o vice-campeonato de 2019 e o pênalti perdido definitivamente para trás.
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